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Chevrolet Cruze RS, o último dos moicanos

Texto e fotos de Henrique Koifman – 08/04/2022 (publicado originalmente no blog da Rebimboca no Globo)



Passei uma semana com o carro vermelho das fotos que ilustram este post, o Chevrolet Cruze Sport 6 RS, novidade da linha para 2022 e que traz um certo frescor para o modelo, com trajetória já longo no mercado e que concentra suas fichas em um nicho bem específico de consumidores, que buscam conforto, bom desempenho e um nível de, digamos, personalização que seja suficiente para chamar a atenção nas ruas, pelos motivos certos. Se ele atende a essa proposta? Vou tentar responder neste post.



O Cruze Sport 6 RS não é apenas “a versão com visual esportivo” desse modelo médio da Chevrolet. Ele é, na prática, um dos últimos hatches desse porte hoje disponível, não somente na linha da GM, mas em todo o mercado nacional (deixando uns poucos importados, bem mais mais caros, de fora). Só para refrescar a sua memória, amigo leitor, se não estiver ligando o nome ao tipo de automóvel (Tipo, aliás, vale como um exemplo e um trocadilho infame, me desculpe), não faz tanto tempo assim, encontrávamos aos montes nas concessionárias modelos como Fiat Bravo, Hyundai i30, Ford Focus e VW Golf, hoje extintos ou no mínimo banidos do Brasil.


Explicar que hatches dese porte e faixa de preço foram também vítimas da invasão dos SUVs, os esportivos utilitários que hoje dominam o mercado “não básico” aqui no Brasil seria repetir uma ladainha que você provavelmente já está cheio de ouvir – ou melhor, ler. Vamos pular essa parte, então, e passar logo para aquela em que eu digo que prefiro mil vezes guiar um automóvel mais baixo, com posição de dirigir mais parecida com a dos modelos esportivos de verdade, aqueles que a gente pode até levar para a pista de um autódromo e se divertir.



Não estou dizendo que esse RS seja lá muito apropriado para um track day, um dia em uma pista de corridas (embora vá fazer menos feio lá que um utilitário, claro). Mas o que ele tem de estilo e mesmo desempenho faz dele um carro interessante, especialmente pela já comentada falta de opções semelhantes por aí.


Em relação ao Cruze “normal”, ele não tem nenhuma grande diferença mecânica, a não ser, segundo a Chevrolet, alguns ajustes na suspensão e na direção, ligeiramente mais firme e mais direta. O que justifica o RS (de Rally Sport, termo que batizava uma versão dos primeiros Camaros americanos) são detalhes estéticos, como máscara negra nos faróis com LED, logomarcas e alguns outros detalhes pintados em preto – como a capa dos espelhos, aerofólio traseiro, colunas e teto, por exemplo.



E, do lado de dentro, também dominam os tons escuros, nas forrações de teto, chão, colunas, painéis e bancos. Estes, aliás, tem costuras vermelhas. No mais, nada de mais. Painel de instrumentos e outras tantas coisas são exatamente iguais a toda a linha. E como esta é uma versão que bate no meio da tabela do Cruze, fazem falta itens que você encontra no irmão sedã mais caros, o Premier, como alerta de colisão, detecção de pedestre à frente, auxílio de frenagem de emergência, farol alto adaptativo e mesmo o alerta de ponto cego.


Por outro lado, estão a bordo mimos de conforto como a chave presencial e partida por botão, aqueles sensores que cuidam de acender e apagar faróis e ligar e desligar os limpadores de para-brisa, ar condicionado eletrônico, teto solar, multimídia MyLink com ótima câmera de ré, piloto automático, regulagens de altura e profundidade para a direção, banco traseiro bipartido e serviço de wif-fi. E também seis air-bags controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em aclive e freios com ABS, EBD e PBA, além de sensores de estacionamento e aquele útil aviso de esquecimento de objeto (ou gente) no banco traseiro. E o acabamento é bem caprichado.




O Cruze é um carro confortável com bom espaço para quatro adultos e leva até 290 litros no porta-malas (é, menos que o sedã)


A mecânica


Sob o capô mora um motor de 1.4 litros, turbo, que gera 153cv de potência e 24 kgfm de torque. Números bacanas para levar os pouco mais de 1.300 kg do carro com alegria. O câmbio automático de seis marchas nem sempre entende aceleradas mais empolgadas, e parece meio burocrático em suas reações, mas também não é lento. Aparentemente, preza pela suavidade, tanto que nem borboletas para trocas manuais no volante ele oferece. O fato é que esse Cruze é um daqueles carros que ganham velocidade rapidamente, mas como não fazem muito barulho para isso, parecem andar menos do que andam. Seu zero a 100 km/h, segundo a GM, é percorrido em nove segundos. E, mesmo com os tais ajustes na suspensão, esse RS está bem longe de ser “duro”, ainda assim enfrenta curvas com competência, desde que dentro de uma margem de juízo.


Nas minhas medições, entre cidade e estrada, no plano e em subidas, a média ficou próxima dos 12 km por litro de gasolina. Isso sem a menor preocupação em economizar e rodando também com mais gente a bordo.



Vale a pena?


Essa versão RS custa a partir de R$ 152.280 (no vermelho das fotos, sobe para R$ 154.180) e não oferece nenhum opcional. Na ponta do lápis, dá para comprar um SUV de porte um pouco menor, ou do mesmo tamanho, mas com menos recursos, por mais ou menos o mesmo preço. Mas pra quem curte carros esportes – menos em desempenho, mais em estilo e prazer de dirigir –, nenhum deles se compara a este “último dos moicanos”.




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