A TV com orelhas
Quando comecei a assistir televisão, criança no final dos 1960s, podia escolher entre uns quatro canais, girando o seletor do aparelho em preto&branco. Meus programas preferidos eram também poucos: alguns desenhos animados, séries norte-americanas (Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do Mar, Túnel do Tempo…) , programas e séries brasileiras (O Vigilante Rodoviário e Shazan, Xerife & Cia), exibidos em horários fixos e limitados. E se por acaso eu quisesse “falar” com alguém da TV, poderia no máximo escrever uma carta para a emissora, que talvez tivesse alguém encarregado de enviar respostas-padrão aos telespectadores mirins. Tímido, jamais fiz isso. Só assistia e, de vez em quando, sonhava em ter o meu próprio canal, no qual passaria somente os programas de que gostava, das 7h às 21h – quando tinha de ir para a cama. A maioria das emissoras saía do ar à meia-noite.
Me lembro disso sempre que posto um novo vídeo – como fiz ontem – em nosso canal do Youtube, a TV Rebimboca. A lembrança, claro, vem pelas diferenças de tempo e de contexto. Para começar, o nosso é um dos inúmeros canais brasileiros dedicados a automóveis e, como todos, pode ser assistido no momento que for mais conveniente ao espectador, 24 horas por dia.
No ar...
De sonho, ter sua própria emissora e assim poder produzir suas próprias atrações se tornou algo tão fácil quanto criar uma conta de e-mail – embora conquistar a audiência, claro, continue sendo um tremendo desafio.
Além disso, se quiser, qualquer um que assista aos nossos programas pode fazer comentários, perguntas e críticas, que serão respondidas, quase sempre rapidamente, pelo apresentador – ou seja, por mim. E poder conversar com o público é algo de valor inestimável que, tenho certeza, até o velho robô de Perdidos no Espaço (perigo, perigo!) teria gostado de fazer.