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Será que o tempo não passou para o Fiat Cronos?

  • Henrique Koifman
  • há 19 minutos
  • 8 min de leitura

Como foi minha semana com a versão topo de linha do sedã compacto, que ganhou um bigode novo e luzes em LED, depois de seis anos de estrada


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Texto e fotos de Henrique Koifman


Cronos é o senhor do tempo na mitologia grega* que, desde 2019, empresta seu nome à versão sedã do compacto da Fiat, o Argo. Mas classificar esse elegante automóvel de três volumes de “derivado” sempre me pareceu certa injustiça. Com personalidade própria, ele chega ao ano/modelo 2026 com um retoque atualizador na dianteira, ganhando uma nova grade, para-choque e luzes em LED e… quase mais nada. Será que a marca confia tanto no poder mítico de seu nome para prolongar o tempo de vida de seu veterano no concorrido segmento dos sedãs compactos? Terá ele argumentos tão atemporais assim para seguir disputando vagas nas garagens dos brasileiros?


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Antes de ir em frente, porém vale avisar que – entre muitos, ao longo desses anos – avaliei um Fiat Cronos com o mesmíssimo pacote mecânico (e boa parte do resto) deste, em 2023, quando o modelo passou a contar com o câmbio CVT. Como naquele post já descrevo e analiso o carro de forma bem completa, recomendo a quem quiser se aprofundar um pouco mais que leia a matéria anterior aqui: https://www.rebimboca.com.br/single-post/como-anda-o-fiat-cronos-drive-cvt-2023. Neste post de hoje, vou me concentrar nas novidades do modelos 2026 e em seu posicionamento no mercado, ok?


(*) Na mitologia, Cronos não era nada bonzinho, sendo capaz de violências tão terríveis quanto castrar o próprio pai e devorar seus próprios filhos (sugiro aos curiosos que pesquisem). Donde concluímos que os nomes de automóveis são escolhidos mais pela sua sonoridade e que o pessoal do marketing das montadoras nem sempre leva em consideração a “ficha corrida” de seus homenageados.



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O que mudou no Fiat Cronos Precision 2026?


Como informei no primeiro parágrafo, as mudanças que a Fiat fez no Cronos para 2026 não são muitas e, em sua maioria, são estéticas. A começar pela frente, que ganhou uma nova grade, inspirada no padrão de design atual da Fiat italiana, que enfeita lançamentos mais recentes, como o Grande Panda, que deve chegar ao Brasil em breve, talvez com outro nome.


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A dianteira recebeu também um novo para-choque, que teve suas proporções redesenhadas, com aberturas na parte inferior, onde ficam as luzes de neblina. Essas luzes, assim como os faróis e a assinatura (DLR), na forma de uma espécie de sobrancelha de tracinhos, são todas em LED. Por outro lado (literalmente), nada de novo na retaguarda.


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Na lateral, a novidade está nas rodas, de liga leve diamantadas e aro 16, que estão com um novo – e bem interessante – desenho. Consta que as capas dos espelhos, pintadas em preto brilhante, também são novidades, mas estas já estiveram presentes em versões anteriores deste mesmo carro. E, por dentro, a boa nova são os bancos em couro ecológico, com desenho esportivo e ótimo apoio, também usados versões dos "manos" SUV Pulse e Fastback.


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No mais, essa versão, que custa R$ 120 mil e é bem equipada, agora conta com conectividade sem fio para os sistemas Android e Apple. E vem com itens interessantes e práticos, como chave presencial e partida por botão, espelhos retrovisores com rebatimento elétrico, câmara de ré e sensores de distância, acendimento automático dos faróis e ar condicionado digital.


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No geral, o desenho e o acabamento dos painéis é bem original, de bom gosto e bem-feito, a despeito do “império dos plásticos” dar o tom. E, na verdade, é virtualmente o mesmíssimo que você já encontraria dentro do Cronos se o comprasse em 2019. Como se o cronômetro (perdão pelo trocadilho óbvio) tivesse parado. E é aí que o tal “fator tempo” mostra seu peso.


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As três saídas redondas de ventilação no meio do tablier, bem italianas; a tela da multimídia encaixada em uma moldura flutuante algo retrô, com tela de apenas 7”, os instrumentos (velocímetro e conta-giros) analógicos, com a pequena tela em TFP monocromática do computador de bordo (com poucas funções) no meio… Tudo bacaninha e funcional, mas, se comparado a outros modelos da mesma montadora, um pouco defasado e que poderia ser um pouquinho atualizado, sem demandar lá tanto investimento assim – diferentemente do que poderia representar a inclusão de itens como mais dois air-bags aos quatro já disponíveis de série, para se equiparar à parte mais jovem da concorrência.


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E como anda este Fiat Cronos Precision?


Os 107 cv de potência e 13,7 kgfm de torque do motor 1.3 do Cronos dão conta direitinho de seus pouco menos de 1.200 kg. Junto com o racionalíssimo câmbio automático continuamente variável (CVT) e com uma suspensão calibrada para o conforto, o propulsor torna a condução do sedanzinho tranquila e, sobretudo, prática, especialmente no trânsito urbano.


Sem grandes afinidades com um comportamento mais esportivo, esse Cronos é até capaz de acelerar um pouco mais rápido, se você acionar a teclinha “sport”, muito bem localizada no volante multifuncional e que “estica” as rotações do motor e a relação do câmbio, espremendo deles o máximo desempenho disponível.


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Fiz algumas arrancadas e retomadas, em vias expressas e caminhos mais livres, e a impressão é de que o carrinho faz seu 0 a 100 km/h em menos dos que os 11,7 segundos (para o etanol) informados pela Fiat (veja a ficha técnica completa no final deste post). Mas, para isso, os giros sobem e se mantêm próximos dos 6 mil rpm, o que inunda a cabine com um som rascante e algo mal-humorado, um pouco estranho ao ambiente habitual ali.


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Nesses momentos, o mesmo estranhamento parece ter também a suspensão macia, que faz com que o carro se incline e oscile numa postura que, se não chega a passar insegurança, certamente não combina com esportividade. Mas, cá entre nós, dada a proposta do carro, nada de errado nisso.


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Rodando praticamente todos os cerca de 300 km do test-drive em circuito urbano, entre o tráfego normal em ruas (incluindo alguns engarrafamentos) e em vias expressas, com gasolina no tanque, obtive uma média final de pouco menos de 12 km/litro – segundo aferições do computador de bordo.



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E então, o Fiat Cronos Precision 2026 vale a pena?


A despeito do (lá vem ele de novo) tempo, o Cronos continua sendo um carro equilibrado, bem projetado e desenhado. E, se já não causa tanto encantamento pela novidade, também não se pode dizer que está defasado em termos de design ou mesmo de desempenho. Falando especificamente desta versão Precision – que, lembramos, custa hoje arredondados R$ 120 mil –, a concorrência direta oferece opções de sedãs compactas próximas, como o VW Virtus TSI, por R$ 121 mil; Onix Plus AT, por R$ 119 mil, e o Hyundai HB20s, por R$ 126.500. Todos eles também com câmbio automático, mas com motores 1.0 turbo, mais sofisticados – porém com desempenhos nem tão superiores assim. E, com motor aspirado, há a versão mais simples do Nissan Versa, a Sense, por R$118 mil.


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Daí eu achar que, na prática, o maior concorrente do Cronos, hoje, é um irmão dele. É comum ouvir gente perguntando por que a Fiat não oferece, ainda, uma versão do Cronos com o esperto motor T200, três cilindros turbo flex, que hoje equipa versões de boa parte de sua linha e que certamente daria a esse sedã um desempenho bem interessante. Pois a montadora italiana já fez isso e o nome desta “versão mais braba” do Cronos é Fastback Turbo 200, de 130 cv.


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Montado sobre a mesma plataforma do sedã, o SUV cupê compartilha muitas partes com ele e oferece espaço interno quase idêntico, até no porta-malas. E, basicamente, os mesmos recursos – e até alguns a mais, como uma tela maior na central de multimídia e paddle-shifters, as alavancas para troca manual de marchas no volante. Esse Fastback custa exatamente os mesmos R$ 120 mil que o Cronos Precision (no site da montadora, em 17.10.2025), embora em termos de comportamento dinâmico, o sedã, mais baixo, seja mais agradável de guiar que seu “filho” SUV.


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E daí chegamos à conclusão e, quem sabe, à resposta para as perguntas lá da abertura: já que não é capaz de fazer o tempo – nem a concorrência – parar, a Fiat parece apostar no bom e velho custo-benefício para manter o Cronos na disputa, ao menos por enquanto. Ele não lidera o segmento, mas também não faz feio, e foi o 28º veículo mais vendido do mercado brasileiro no primeiro semestre de 2025 (dados da Anfavea), com 14.551 unidades. Não, isso não rende taça nem medalha, mas dá lucro à empresa – pelo menos enquanto um número razoável de compradores insistir no sedã, em vez de levar o mencionado irmão Fastback.


Um pouco de contexto


Quando foi lançado, em 2019, o Cronos tinha a complexa missão de substituir, de uma vez só, dois outros sedãs da Fiat, aposentados um pouco antes: o compacto Siena, derivado do Palio, e o médio Linea. E, dois anos depois, ainda herdou órfãos do Grand Siena, também jubilado das linhas de montagem. Versão de três volumes do Argo, o Cronos segurou bem essa peteca e, desde então, vem conquistando uma boa fatia de seu segmento de mercado.


Bom, vale dizer que os sedãs compactos não estão mais entre os modelos mais desejados pelos brasileiros, que hoje preferem levar para casa um SUV – ainda que este seja, geralmente, mais caro e menos espaçoso. Daí que, na prática, o atual mercado para os sedãs compactos é em boa parte representado por locadoras, taxistas e motoristas autônomos – sobretudo os que trabalham para aplicativos. E que, pelo menos até aqui, têm justificado a existência de modelos como Cronos, VW Virtus, HB20s e Chevrolet Onix Plus no cardápio.



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Ao longo dos anos, várias combinações de motor e câmbio


Também desde seu lançamento, em 2019, o Fiat Cronos já teve sob o capô diferentes combinações mecânicas. Ali já funcionaram opções com motor 1.8 (139 cv) e câmbio manual de cinco marchas, 1.8 e câmbio automático de seis marchas (AT6), 1.3 (107 cv) e câmbio automatizado GSR… Hoje, ele está disponível com o motor 1.0 Firefly aspirado (75 cv) e câmbio manual de 5 cinco marchas, com o 1.3 também manual ou com o 1.3 e câmbio automático do tipo CVT, com emulação de sete marchas – caso da versão Precision deste post.


Para conhecer algumas dessas versões e combinações do Cronos, sugiro assistir aos vídeos que fiz com elas, para a TV Rebimboca:


Comparativo com os Fiat Cronos 1.3 GSR e 1.8 Precision AT




Vídeo com o Cronos HGT, na minha opinião, o mais bonito deles todos



Ficha técnica – FIAT CRONOS PRECISION 1.3 AT FLEX (dados da montadora)


Motor

Posição: Transversal dianteiro

Número de cilindros: 4 em linha

Diâmetro x curso: 70.0 x 86,5 mm

Cilindrada total: 1332 cm³

Taxa de compressão: 13,2:1

Potência máxima (ABNT): 98 cv (gasolina) a 6.000 rpm e 107 cv (etanol) a 6.250 rpm

Torque máximo (ABNT): 13,2 kgfm (129 Nm) a gasolina a 4.250 rpm / 13,7 kgfm (134 Nm) a etanol a 4.000 rpm

Nº de válvulas por cilindro: 2 no cabeçote

Eixo de comando de válvulas: 1 no cabeçote

Injeção eletrônica: Magnetti Marelli 12GF

Combustível: Gasolina / Etanol

Transmissão

Câmbio automático, CVT (Continuamente Variável), com 7 marchas simuladas

Relações de transmissão: Automático: entre 2,48 e 0,40

1ª: 2,27

2ª: 1,74

3ª: 1,34

4ª: 1,07

5ª: 0,85

6ª: 0,68

7ª: 0,54

Ré: entre 2,60 e 0,42

Diferencial: 5,698

Tração: dianteira com juntas homocinéticas

Sistema de freios

Comando: Hidráulico c/ comando a pedal e ABS/ESC série

Dianteiro: sistema com disco ventilado com pinça flutuante low drag (257,0 x 22,0 mm)

Traseiro: a tambor com sapata autocentrante e regulagem automática de jogo (203,0 x 22,2 mm)

Suspensão

Dianteira: tipo Mc Pherson com rodas independentes, braços oscilantes inferiores transversais com barra estabilizadora. Amortecedores hidráulicos, telescópico de duplo efeito (Stop hidráulico), Elemento elástico: Mola helicoidal

Traseira: tipo eixo de torção com rodas semi-independentes. Amortecedores hidráulicos, telescópico de duplo efeito, Elemento elástico: Mola helicoidal

Direção

Tipo: com pinhão e cremalheira com assistência elétrica na coluna

Diâmetro mínimo de curva: 10,34 m

Rodas

Medida: R16X6

Pneus: 195/55 R16

Peso do veículo e capacidades

Em ordem de marcha: 1.190 kg

Capacidade de carga: 400 kg

Carga máxima rebocável (reboque sem freio): 400 kg

Bagageiro: 525 litros

Tanque de combustível: 45 litros

Dimensões externas

Comprimento: 4.372 mm

Largura (entre retrovisores): 1.980 mm

Altura: 1.524 mm

Distância entre-eixos: 2.521 mm

Bitola dianteira: 1.458 mm

Bitola traseira: 1.496 mm

Altura mínima do solo: 193 mm

Desempenho

Velocidade máxima: 175 km/h (gasolina) / 182 km/h (etanol)

0 a 100 km/h: 12,5s (gasolina) / 11,7s (etanol)

Consumo

Ciclo urbano: 12,6 km/l (gasolina) / 8,6 km/l (etanol)

Ciclo estrada: 14,6 km/l (gasolina) / 10,7 km/l (etanol)



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