A Mercedes dos meus sonhos de criança
Modelo 280 SL dos anos 1960/70 era relativamente comum aqui no Brasil
Mercedes 280 SL - fotos de Raul Ellinger para os #CarrosdoRio
Essa aí nas fotos é a¹ Mercedes-Benz 280 SL, para mim, um dos roadsters (conversíveis de dois lugares) mais emblemáticos de todos os tempos – uma classificação que tem muito mais motivos pessoais que quaisquer outros, reconheço. Quem achou e clicou essa aí foi o querido amigo e correspondente em Israel, Raul Ellinger e ela está em um dos posts recentes que fiz na página dos Carros do Rio, no Facebook (que você, aliás, está convidado a conhecer).
Vamos ao contexto: a Mercedes Classe SL surgiu em meados dos anos 1950, e entre suas primeiras versões estava aquela célebre “Asas de Gaivota” (série W 198, na foto ao lado), com portas que se abriam verticalmente e que provavelmente você já viu em fotos por aí.
Aquela primeira geração foi substituída em 1963 pela W 113, da qual faz parte essa azulzinha aí e que seria produzida até 1971, com grande sucesso de vendas, especialmente nos EUA – de onde, aliás essa azulzinha deve ter vindo, por detalhes como seus faróis.
O carro foi oferecido com alguns motores de potências diferentes e esse exemplar das fotos, especificamente, é o 280 – com um motor de seis cilindros em linha, que gerava 170 cv de potência e 24 kgfm de torque, números bem convincentes para sua época e que fazem que ande bastante bem, mesmo para os padrões de hoje. E olhe que essa nem é a versão mais potente do carro que foi fabricada.
Mas não era apenas o desempenho desse carrinho o que o destacava entre os tantos modelos conversíveis fabricados naqueles tempos. Além de suas linhas clássicas, ele tinha um acabamento luxuoso, com mostradores cromados, bancos e forrações de couro e uma precisão de funcionamento digna dos relógios suíços. E, além de tudo, era extremamente confortável. A maciez, aliás, nem sempre casava tão bem assim com seu apetite pela velocidade, diga-se de passagem. No fundo, era mais um carro para passear – ou viajar por boas estradas – do que para correr, embora fosse capaz de deixar muito esportivo para trás.
Um dos motivos de eu considerar esse um dos roadsters mais emblemáticos é o fato de que havia (e ainda há alguns) muitos deles rodando aqui pelo Rio de Janeiro da minha infância. E, também por isso, foi um dos modelos que sonhava ter na garagem (sonho que, na verdade, nunca deixei de ter totalmente, rs).
Uma curiosidade em relação ao Mercedes SL dessa série – assim com das seguintes – é a possibilidade de usá-lo com capota de lona (aberta ou fechada) ou rígida, que era opcional, como a que está nesse exemplar das fotos, e podia ser instalada ou retirada com relativa facilidade. Na prática, você comprava um conversível, mas levava junto um cupê fechado para os dias de chuva.
(1) – Também desde criança me acostumei a tratar os carros da Mercedes-Benz no feminino. Cada um deles era “uma Mercedes”. Tratar automóveis no feminino, soube depois, é uma tradição inglesa – e olhe que, no idioma inglês, objetos e animais costumam ser tratados pelo pronome “it”, que não denota gênero, mas eles abrem uma exceção para os carros, aos quais tratam comumente por “she”, ela.
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