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Mulher ao volante

Em 8 de março, reconheçamos que uma das coisas que mais atrapalha elas no trânsito é o machismo (as outras, atrapalham a todos)


Por Henrique Koifman


Foto: Biblioteca do Congresso Americano - domínio público


Este ano calhou de o oito de março, Dia Internacional da Mulher, cair numa sexta-feira. Justo o dia em que geralmente faço posts aqui no blog. Como em outros anos, de bate-pronto, pensei em uma pauta que, aproveitando o gancho – que é como os jornalistas chamamos esses pretextos para fazer matérias – falasse de como elas são mais concentradas ao volante (tanto que seu seguro automotivo é sempre mais barato), ou de como costumam caprichar mais na manutenção de seus carros (que, usados, costumam valer mais que os de homens), por aí.


Me lembrei até do curso que, junto com minha querida amiga Jeanne Duarte, montei nos anos 1990 do século passado, o “Mecânica para Mulheres”, que chegou a completar mais de 20 turmas de aplicadas alunas – e que tinha como principal propósito ensiná-las a não serem passadas para trás por oficinas desonestas, além de resolver pequenos problemas nos carros, que naqueles tempos ainda tinham carburador e podiam ter defeitinhos resolvidos com um pouquinho de conhecimento prático.


Entregando a idade, informo que dirijo desde a primeira metade dos anos 1980. E, durante todo esse tempo, pra mim sempre foi claríssimo que, no trânsito, elas costumam ser mais educadas, precisas, racionais (no melhor dos sentidos) e respeitadoras das regras. Algumas delas estão entre os melhores condutores que já conheci – e, por outro lado, é comum que machistas sejam péssimos condutores (no mínimo, por desrespeito). Não por acaso, ao pensar nos carros com direção autônoma – que, já, já, estarão circulando por aí –, sempre os associo a uma “inteligência feminina”, que os conduza com serenidade e perfeição.


Mas, pensando um pouco melhor – e com a minha cabeça de hoje –, fico aqui em dúvida se ao destacar essas “diferenças” entre AS e OS motoristas, ainda que enaltecendo as primeiras, na verdade, não estou de certa forma jogando luz sobre o mesmo e velho preconceito de sempre. Como se fosse necessário contrapor com argumentos jargões machistas como “mulher ao volante isso e aquilo” e outras mediocridades do gênero – e de gênero.


Felizmente, o número de motoristas profissionais mulheres, seja em carros de aplicativos, táxis ou ônibus, vem crescendo, devagar e sempre. E não há motivo algum para tratá-las com menos respeito ou consideração que o dispensado aos demais condutores. No fundo, acho que a hostilidade e desdém que alguns ainda insistem em expressar em relação a elas, não passa do mau e velho medo de perder terreno, primazia – e claro, poder. Cá entre nós, assim como em tudo o que se relaciona à sociedade, o machismo só atrapalha e faz mal ao trânsito. E nós, homens, precisamos agir, todos os dias, para bani-lo, também, das ruas, avenidas e estradas.







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