Pequenas decisões... e a grande decisão

Por Alexandre Kacelnik

Esse último fim de semana de Stock Car reinaugurando o autódromo de Brasília foi de muitas pequenas decisões. Nunca apenas certas ou erradas. Cheguei na quinta-feira, dia de track walk, o reconhecimento de pista feito a pé. Eu quase nunca faço, mas queria ver como ficaram as obras na pista, encontrei meu amigo-concorrente Caio Scafuro, e depois de uns 10 segundos de ‘se você for eu vou’, partimos para o trajeto de mais de 5 km.

Menos de um terço percorridos, começou a chuviscar. Num cenário típico de Brasília nesta época do ano, você olhava pra frente e via um céu cinza chumbo, olhava pra trás e via o sol entre nuvens branquíssimas. Seria a primeira decisão errada, fazer o track walk sob ameaça de chuva. Na verdade, a segunda, porque já tínhamos passado por corujas a nos observar do alto da cerca de aço, e eu resmunguei ‘ por que não trouxe minha câmera?, comprei ela pra isso’. Quando começou a apertar (muito) a chuva, estávamos perto da ponte que dá acesso ao autódromo e debaixo dela ficamos por uma meia hora batendo papo com outros abrigados. A chuva continuava forte, e daquele lado que esteve sempre claro surgiu um arco-íris. Fotografei, assim como a coruja, com meu Motorola. 

O fim de semana seguiu com algumas decisões ruins, outras acertadas. Um fiscal que estava na curva Zero demorou para mostrar a bandeira amarela quando Bruno Baptista rodou no treino livre de sexta-feira, e rolou um dos acidentes mais feios da categoria nos últimos anos, com o carro 44 sendo atingido em T por JP Oliveira. Os foram parar no hospital. Boa parte dos pilotos não queria mais entrar nos carros para prosseguir o fim de semana. Depois de muita conversa, reuniões e algumas mudanças na pista, as atividades foram retomadas. Ao meu ver, uma decisão correta. Errado será não aprimorar a segurança do carro para a próxima temporada.

Nossa equipe, a Ipiranga Racing, também tomou algumas decisões que não foram as melhores no acerto dos carros. Thiago Camilo e Cesar Ramos não foram competitivos no fim de semana. Ficam as fotos do arco-íris e da coruja, que poderiam ser muito mais bonitas com minha Canon mirrorless, que está em cima da mesa, no escritório.

PS. Nesse fim de semana, quem escolheu na vida torcer para o Flamengo, como eu, meu chefe de equipe, o Guiga (de camisa do Flamengo), o chefe dos mecânicos, Chiquinho, e o caçula dos mecânicos, Daniel, tomou a decisão certa. Vimos a grande decisão da Libertadores na pista. O Thiago Camilo também, mas na hora da foto estava na torre de controle discutindo com os comissários uma punição na entrada para o pit stop da Sprint Race, que acontecera horas antes. Vida de piloto não é tão fácil. Também vimos a final de 2019 no box da Ipiranga, em Goiânia. Tá dando sorte, mas no mundo ideal eu queria ter visto com meus filhos no estádio.