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O Uno Turbo amarelo e uma (rápida) viagem no tempo


Outro dia – dois posts atrás, mais precisamente – falei aqui dos meus primeiros test-drives, lá pela primeira metade dos anos 1990 (para ler, clique aqui). Essa nostalgia, como expliquei, entrou em cena com a atual quarentena, o tempo maior em casa e as arrumações de armários, gavetas e HDs. A foto acima e o tema daqui agora vêm de outra das fotos que encontrei, esta com o então recém-lançado Fiat Uno Turbo i.e, um dos carros mais divertidos que testei naquela época.


Lançado por aqui em 1994, o Uno Turbo nacional tinha um motor 1.4 italiano, como o nome indica, equipado com turbina; bancos esportivos, freios do irmão maior Tempra e outras coisinhas que faziam dele o caixotinho mais rápido do oeste (e do sudeste também). Fiquei com o carrinho uma semana, tempo suficiente para viajar com ele até Paraíba do Sul, no Estado do Rio, atravessando a sinuosa

serra de Petrópolis, e também um trecho da então muito bem conservada (e pouco vigiada por radares) BR 040.

Olhando seus números hoje, tanto elogio pode parecer exagero, mas o fato é que, pesando pouco menos de uma tonelada, com 116cv e 17 kgfm de torque, esse Uno ia de zero a 100 km/ em menos de 9 segundos e chegava aos 195 km/h reais (veja a ficha técnica no final do post).



Andava mais que esportivos nacionais até mais caros da época, como o Escort XR3 2.0i, o Vectra e o Kadett GSi, e mesmo o Gol GTI. Sua estabilidade era ótima, reforçada por pneus bem maiores que os do Uno comum – tanto que o estepe não cabia no cofre do motor, como era o padrão do modelo, e vinha no assoalho do porta-malas, roubando muito do já não tão generoso espaço disponível para bagagens.


Uma de minhas lembranças mais divertidas da viagem foi, no trecho de volta, subindo de Itaipava para Petrópolis, a de ultrapassar uma coleção de carrões importados – BMW, Mercedes, Audi, Honda… Com fôlego de sobra e sem precisar reduzir tanto quanto os demais antes das curvas, o Uninho amarelo deixava carrões muito mais potentes (e caros) para trás sem a menor cerimônia.


Mas nem tudo eram flores frescas. A mecânica ficava tão apertada sob o capô, que não havia espaço para o ar-condicionado (algo que só seria contornado pelos engenheiros da Fiat no ano seguinte). Sorte que, pelo menos na minha lembrança, estávamos em uma época mais amena do ano e, assim, o teto solar entreaberto deu conta do calor na cabine.

Na foto lá do alto, vocês vão notar que o carro está com uma placa de identificação da revista. Ela fora feita por mim mesmo, usando um pequeno banner de plástico que costumava ser distribuído para os jornaleiros. Naqueles tempos, o jornalismo automotivo era realmente artesanal.

Procurando um pouco mais nos armários e estantes, achei a revista (veja a reprodução na imagem acima). No texto, informo aos leitores que, ao comprar o carro – que, com todos o teto solar e toca-fitas opcionais, custava então R$ 23 mil – ganhavam um curso de pilotagem. Isso porque, diferentemente dos modelos turbinados de hoje, aquele Uno dava um verdadeiro pinote quando o conta-giros atingia as 3.500 rotações por minuto (rpm). Sem controle de tração, isso poderia ser até perigoso para quem não estivesse habituado, especialmente no trânsito.

A matéria seria publicada na edição de novembro de 1994 e acabou sendo a minha última sobre o assunto naquela revista. Desde o mês anterior, eu já estava trabalhando em outra empresa onde, fui ajudar a criar uma nova publicação, dessa vez inteiramente dedicada aos carros.

Mosca branca, quer dizer, amarela

Uma última curiosidade: li, muito depois que poucas unidades do Uno Turbo haviam sido produzidas neste Amarelo Modena, da linha Ferrari – apenas cinco, para o lançamento, sendo aquela que testei uma delas. Como boa parte dos carros emplacados pela Fiat em Betim, onde fica sua fábrica, ele trazia as letras GKU e um 46 iniciando a numeração de sua placa de licença. Se hoje qualquer Uno Turbo entre os 1.081 fabricados entre 1994 e 1996 é bem valorizado pelos colecionadores, um “GKU amarelo” valeria muito mais ainda.

Fato ou lenda, a verdade é que só de olhar para as fotos daquele caixotinho amarelo me bateu uma saudade danada dele e adoraria ter um na garagem. Não só para colecionar, mas principalmente para dirigir – e me divertir muito outra vez.

Uno Turbo i.e. 1994 – Ficha técnica

Motor

Dianteiro transversal com turbocompressor e injeção multiponto de combustível

4 Cilindros, 1.372 cm³, 8 válvulas

Potência: 118 cv

Torque: 17,5 kgfm

Combustível: Gasolina

Transmissão

Tração dianteira

Câmbio manual de 5 marchas

Desempenho

Velocidade máxima 195 km/h

Aceleração 0-100 km/h em 9,2 s

Suspensão

Dianteira independente, tipo McPherson

Traseira com feixe de molas semielípticas

Rodas de liga leve, R14

Pneus 185/60 14

Freios

Dianteiros com discos ventilados

Traseiros a tambor

Dimensões (mm)

comprimento 3.654, largura 1.548, entre-eixos 2.361, altura 1.445

Capacidades (litros)

Porta-malas 290, tanque de combustível 50

Peso: 975 kg

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