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Rio: novas regras para motos vêm aí (pra valer?)

  • Henrique Koifman
  • há 10 horas
  • 3 min de leitura

Por Henrique Koifman – Ilustrações HK sobre fotos da internet



Aproveitando o “gancho” do Maio Amarelo – campanha global de conscientização no trânsito – há alguns dias, a prefeitura do Rio de Janeiro divulgou a implantação de nova regras para a circulação de motocicletas na cidade. As primeiras medidas anunciadas devem começar a valer já em junho. Em princípio, qualquer iniciativa que possa ajudar a diminuir o morticínio no trânsito carioca tem, no mínimo, a minha simpatia. Afinal, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Saúde, o Rio registrou 723 mortes no trânsito em 2024 – maior número desde 2008. E desse total, 70% foram relacionadas à motocicletas. Dados tristemente impressionantes, divulgados pela BandNews FM em sua campanha "Sobre Duas Rodas".


Mas como qualquer um que caminhe, dirija, pedale ou mesmo ande de passageiro pelas nossas ruas hoje, eu sei que não é bem a falta de regras que mais faz falta, mas sim o respeito a elas – principalmente, e não por acaso, por muitos motociclistas. Mas não somente eles, é claro. Além disso, fiquei um pouco confuso em relação a uma parte da novidade. Daí que, sem querer desanimar ninguém, confesso um certo “ceticismo de resultados” – embora torça muito para que o nível de consciência geral aumente e a coisa dê certo. Mas vamos às mudanças.





A principal é a que proíbe os motociclistas de circularem pelas pistas centrais das Avenidas Brasil, Presidente Vargas e das Américas – não por acaso, três dos caminhos onde costuma acontecer boa parte dos acidentes com motos e vítimas e onde a média de velocidade permitida é mais alta – até 80 km/h, na Brasil e nas Américas. Ali, as motocicletas só poderão seguir pelas pistas laterais.


Além disso, a velocidade máxima para as motos nessas vias laterais será de 60 km/h. Faz sentido, mas pode ser que dê confusão. Isso porque, nas avenidas das Américas e Brasil, o limite atual para todos os veículos nas pistas laterais é um pouco mais alto, 70 km/h; e na Presidente Vargas é menor, de 40 km/h. A menos que todos os veículos – carros, motos, ônibus e caminhões – passem a respeitar o mesmo limite, obrigar as motos a andarem mais devagar que os demais têm grandes chances de criar o efeito contrário do que se deseja, ou seja, provocar mais acidentes.


E, mesmo na circunstância oposta – com as motos podendo ir a até 60 km/h, contra os 40 km/h dos carros, caso da Presidente Vargas –, essa distinção não me parece fazer lá muito sentido.

Outra intervenção prometida já para o mês de junho é a criação de um corredor exclusivo para motos, ao longo de 33 km, nas pistas laterais das Américas. Algo que poderá ser repetido nas duas outras avenidas, mas que talvez não tenha uma operacionalização tão simples quanto possa parecer.



Afinal, é nessas vias laterais – que também costumam ser chamadas, muito apropriadamente, como “de serviço” – que circula a maioria das linhas de ônibus, com seus pontos de parada; onde táxis e carros de aplicativos pegam e deixam passageiros, onde veículos maiores fazem manobras de entrada e saída para carga e descarga… Ou seja, há uma constante mudança de faixa, envolvendo muitos veículos, e que provavelmente vai obrigar parte deles a, eventualmente, cortar esse corredor exclusivo das motos.


Por isso mesmo, junto com as novas regras, é preciso que se faça uma longa, abrangente e bem didática campanha educativa, que convide de forma convincente todo a aderir ao esquema. Mais que isso, a aderir às regras básicas de trânsito – como respeitar sinais vermelhos e faixas de pedestres, corredores para motos, o uso da seta (pisca), limites de velocidade etc. Não por temor a (mais) multas, mas por consciência. Se não…. Nada vai mudar, pelo menos em termos do que se deseja que mude – ou seja, que pare de morrer tanta gente.




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