Fiat Fastback Audace Hybrid: test-drive com pegadinha
- Henrique Koifman
- 9 de mai.
- 4 min de leitura

Texto e fotos de Henrique Koifman
Passei uma semana com um Fiat Fastback versão Audace Hybrid, que custa R$ 156 mil*. Como você pode ver pelas fotos – e provavelmente já está habituado e encontrar nas ruas – o Fastback é um SUV cupê, que foi criado a partir do sedã Cronos, da linha Argo. Ele tem um desenho bem interessante, bom espaço interno e um porta-malas capaz de engolir o equivalente a 516 litros de bagagens diversas. Uma capacidade digna de uma boa camionete – ou perua, como muitos chamam. E como elas, as peruas sumiram do mercado brasileiro faz tempo, o Fastback de certa forma herdou também a vocação delas e diria que essa qualidade sua é um dos motivos para que venha vendendo tão bem por aqui. Mas, além de ser uma boa opção para uma família que gosta de viajar, esta versão Audace Hybrid, como o nome entrega, tem outros atributos e, também, uma pegadinha. Vamos a eles.
(a partir de R$ 155.990, site da Fiat, em 9.5.2025)

Antes de deixar que o câmbio automático CVT do Fastback simule uma segunda marcha para este post, lembro que, no final do ano passado, falei aqui do lançamento das primeiras versões híbridas-leves de modelos da Fiat, do Pulse e, justamente, do Fastback, que fui acompanhar no interior de São Paulo. Você pode conferir aquela matéria aqui - https://www.rebimboca.com.br/single-post/fiat-entra-na-era-dos-h%C3%ADbridos-leves-com-suvs-pulse-e-fastback – e, assim, economizamos muitas linhas de informações que já estão dadas lá, ok?

O que é que Fastback Audace Hybrid tem?
Vale dizer que a versão Hybrid do Fastback Audace é intermediária. Acima dela, há a também híbrida-leve Impetus (um pouco mais equipada) e, no topo, a esportiva Abarth – esta, com tecnologia, digamos, tradicional, mas aplicada a um motor 1.3 turbo flex de quatro cilindros que gera até 185 cv de potência, com câmbio automático de seis marchas. Nas restantes, o motor é o 1.0 turbo flex de três cilindros, que gera até mais modestos 130 cv e é equipado um com câmbio automático do tipo CVT.

Ainda assim, com pouco mais de 20 kgfm de torque, esse Audace anda bem direitinho e, mesmo sem o sistema híbrido em ação, é um carro econômico para seu porte e capacidade, além de contar com um bom pacotes de itens de segurança e de conforto. E isso inclui, entre outros, faróis em LED, boa multimídia, ar-condicionado com controles digitais, carregador sem fio para celular e partida por botão com chave presencial, além de recursos de assistência autônoma (ADAS) como alerta e frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança involuntária de faixa e a comutação automática do farol alto – para não ofuscar quem vem na mão contrária. Senti falta, porém de mais um par de aibags, nas laterais – e conta apenas com quatro deles, frontais e para tórax e cabeça e do painel de instrumentos digital.

O Fiat Fastback Audace Hybrid em marcha (e a tal pegadinha)
Como mencionei ali em cima, eu já tinha dirigido esse Fastback híbrido leve no lançamento, pelas ruas e avenidas movimentadas da cidade de Campinas (SP). Agora, com mais tempo e autonomia, pude usar ele no meu dia a dia urbano.
Como na maioria dos modelos com sistema híbrido-leve (veja mais detalhes no outro post que mencionei), a parte elétrica desse Fastback entra em ação automaticamente nas arrancadas e retomadas, ajudando o motor a combustão, que assim precisa de menos esforço para fazer o carro responder e se mover e, por isso, consome menos. Na prática, na imensa maior parte do tempo, você nem percebe a diferença em comparação à versão anterior, “não-híbrida”. O desempenho do carro é igual, talvez um pouquinho mais silencioso.

E isso não é mal, não, pois como comentei lá em cima, o Fastback anda bem, com agilidade suficiente para as diferentes condições de trânsito e de geografia, e com aquela teclinha “sport” que a Fiat inteligentemente instala no volante de seus carros acionada, chega a ser divertidinho (vai de 0 a 100 km/h em 9,4 segundos, segundo eles). No final das contas, no Hybrid, só o consumo, mesmo, que é um pouco menor – chegando a 12,6 km por litro de gasolina na cidade e 13,9 km/litro na estrada, segundo o Inmetro. Mas tem uma pegadinha.

O modelo tem duas baterias, uma comum, com placas de chumbo, e outra de íons de lítio, instalada sob o banco do motorista, ambas com 12 v, num sistema que a Stellantis chama de “híbrido dual-battery” . Como em qualquer carro, essas baterias são constantemente recarregadas pelo alternador – que, neste caso, também faz o papel de motor elétrico, naquelas situações que eu mencionei, de arrancadas e retomadas.
Só que, para que isso aconteça, é necessário que a bateria comum esteja com um nível de carga pelo menos próximo ao total. Se o carro ficar alguns dias parado, por exemplo, essa bateria descarrega um pouco – algo que acontece com qualquer carro, vale dizer. Daí que, se você só fizer trajetos curtos, ela, a bateria comum, não terá tempo de ser plenamente recarregada e o sistema híbrido não vai atuar. Você até vê, por uma das opções de exibição do painel, que o gerador está alimentando as baterias, mas logo percebe que o motor elétrico não é acionado.

Isso aconteceu comigo e cheguei a pensar que houvesse algum defeito. Só depois de conseguir rodar um trecho de uns 60 km direto, em mais ou menos uma hora, vi pelo painel que o motor elétrico estava trabalhando. Intrigado, procurei na internet alguma informação sobre o fenômeno e acabei achando a explicação em um vídeo de meu xará e colega Henrique Rodrigues, no canal da revista Quatro Rodas, no Youtube – eles estão fazendo um teste de longa duração com o Pulse Audace Hybrid, que tem essa mesma mecânica.

Mas e aí, o Fiat Fastback Audace Hybrid vale a pena?
Vale. Independentemente do sistema híbrido, o Fastback com motor T200 (o desta versão) é um modelo interessante, com um estilo esportivo bacana e, como mencionei, talvez uma das melhores opções para uso familiar. E ele não custa significantemente mais caro por contar com essa nova tecnologia. Ainda que ela só vá fazer realmente diferença para quem roda bastante, especialmente em cidade, o modelo tem bom custo-benefício em seu segmento, bom valor de revenda e um pacote de segurança bem recheado. No mínimo, vale comparar com os outros antes de comprar um SUV compacto médio.
Ah, já ia me esquecendo: depois que o sistema híbrido entrou em ação, minha média de consumo, com gasolina e em trajeto predominantemente urbano ficou em 12,3 km/litro. Nada mau.


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