Xangai mostra porque é o maior salão de automóveis do mundo
- Alexandre Kacelnik
- há 21 horas
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Por Alexandre Kacelnik - fotos de divulgação

O mercado de automóveis é um forte indicativo de que apenas ligar a metralhadora giratória tarifária de Donald Trump não vai fazer os Estados Unidos da América great again, pelo menos a curto prazo. Os salões de automóveis desses primeiros meses de 2025 que o digam. O salão de Detroit, que existe desde 1907, voltou a ser realizado em janeiro, no inverno do Hemisfério Norte, depois de uma tentativa de se voltar aos tempos de glória sendo realizado no verão. Recebeu 275 mil pessoas, contra 775 mil da edição de 2019, deixando claro que a falta de novidades – e consequentemente interesse do público – prejudica mais que o frio miserável que faz nesta época na cidade onde Henry Ford ‘inventou’ a linha de montagem e deu um passo gigantesco para tornar os Estados Unidos a maior potência do planeta.

As estrelas de Detroit 2025 eram o Mustang GTD (acima), um esportivo de alto desempenho voltado para entusiastas de Drift, e o Mustang GTD Spirit of America, outra versão apimentada que entrega 815 cavalos de potência e celebra 60 anos do modelo.

O Auto Xangai, que teve sua primeira versão em 1985 e hoje é o maior salão do automóvel do mundo, abriu as portas na última quarta-feira (23). Focado especificamente no mercado chinês, prevê receber mais de um milhão de pessoas até 2 de maio. É claro que, ali, as marcas chinesas são as mais numerosas – entre elas algumas já nossas conhecidas e presentes no Brasil, como BYD, Omoda, Jaecoo, Zeekr, Neta, Leapmotor, e Geely. Mas destacamos aqui duas germânicas, que cada vez mais têm no mercado chinês um percentual vital de suas vendas e, com isso, ali têm concentrado também seus lançamentos, boa parte deles desenvolvidos em parceria com montadoras locais, com as quais mantêm joint-ventures.

A primeira é a Volkswagen, que levou três novos conceitos a Xangai: ID. AURA, ID. ERA e ID.EVO (acima), da nova geração de veículos elétricos inteligentes. A montadora alemã diz que planeja lançar até 2027 no mercado chinês mais de 30 novos modelos, 20 deles eletrificados. Tudo com design e tecnologias pensados para agradar os clientes chineses.

Todos conceitos apresentados em Xangai são produzidos em joint ventures com empresas chinesas. O SUV de grande porte ID. ERA (acima), da Saic Volkswagen, traz um gerador movido a combustível que carrega a bateria durante a condução, e adiciona pelo menos 700 quilômetros de alcance. Somando-se à autonomia de 300 quilômetros no modo puramente elétrico, o carro pode andar mais de 1.000 quilômetros sem recarga.

O ID. EVO (acima e abaixo), da Volkswagen Anhui, é o primeiro SUV totalmente elétrico de grande porte da família ID. UNYX. Pretende conquistar os consumidores jovens com uma arquitetura eletrônica de alto desempenho, com uma ampla gama de serviços digitais com atualizações 'over-the-air' em intervalos curtos.

Já o ID. AURA (abaixo), da FAW-Volkswagen, é o primeiro carro-conceito baseado na Compact Main Platform (CMP). Tem arquitetura eletrônica por zonas, desenvolvida especificamente para o mercado chinês, com alta capacidade de computação baseada em inteligência artificial, com sistema de condução altamente automatizada.

O modelo introduz um conceito de UI/UX semelhante ao de um smartphone está embutido no console central, e um assistente com características humanas baseado em IA permite controle fluido das funções do carro e do sistema de multimídia.

O segundo é o também alemão BMW Group montou em Xangai seu maior estande de exposição do mundo, onde exibirá um total de 42 veículos das marcas BMW e Mini.

A BMW apostou pesado na tecnologia. Suas estrelas no salão são o display inteligente e o conceito operacional BMW Panoramic iDrive, e o computador central ultrarrápido Heart of Joy. O Panoramic iDrive tem uma versão especialmente desenvolvida para o mercado chinês com parceiros locais. O sistema operacional BMW X foi adaptado às necessidades dos usuários chineses e oferece funções digitais exclusivas, disponíveis apenas no país asiático.

O Heart of Joy calcula centralmente todas as funções de dinâmica de condução, e com um processamento de informações dez vezes mais rápido, pretende “elevar o prazer de dirigir a um novo patamar”. A BMW apresenta o Heart of Joy no veículo de teste de alto desempenho especialmente desenvolvido, o BMW Vision Driving Experience.
Já a Mini veio um pouco mais pé no chão apresentou a nova geração de modelos John Cooper Works (abaixo), entre eles o conversível que está sendo lançado no salão. Paralelamente, a marca originalmente inglesa lembra sua história no automobilismo, expondo entre outros, um Mini clássico que competiu no lendário Rally de Monte Carlo, e o MINI John Cooper Works Pro, que venceu a lendária corrida de 24 horas em Nürburgring no ano passado.

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