Serra acima com o Chevrolet Joy 2020
No finalzinho do ano passado, resolvi aproveitar os tradicionais dias do recesso, que vai do Natal até o recomeço do expediente, em janeiro, para – adivinhem só – fazer um test-drive. O carro era esse branquinho aí, um Chevrolet Joy 2020 – que você confere neste post e no vídeo que produzimos para a TV Rebimboca (acima).
Atualmente, o Joy é o modelo mais simples e mais barato da marca em nosso mercado. Se bem que esse exemplar especificamente é da série especial Black, versão um pouquinho mais transada e com gravatinha borboleta preta do antigo Onix 1.0 e que, de quebra, vinha com um “banho de loja” que não faz parte do pacote oficial de opcionais.
Um pequeno conjunto de acessórios extras (veja a lista e os preços no final da matéria) que incluía vidros elétricos nas portas traseiras, multimídia bem completa, com TV e câmera de ré, sensores de estacionamento e até um aviso de ponto cego, que dedurava com luzes e apito a presença de qualquer coisa fora do campo de visão dos espelhos. O tipo de ajuda muito útil para quem dirige no trânsito cheio de camelôs, motos e bicicletas das grandes cidades brasileiras hoje em dia.
O necessário para o trânsito
Em ruas e avenidas, mesmo com o movimento pesado de dezembro, o Joy foi bem. Ele anda o necessário para navegar no tráfego, acelera em tempo suficiente para entrar em vias expressas e, mesmo com quatro pessoas a bordo, sobe aclives e ladeiras sem reclamar muito – desde que, claro, você não tenha preguiça de mexer bastante no bom câmbio manual, nem tenha constrangimentos em usar as duas primeiras marchas. A embreagem é até macia e os engates fáceis e precisos. Os freios funcionam a contento e, para emergências, contam com o obrigatório sistema de antitravamento ABS, apoiado pela distribuição eletrônica de frenagem, EBD.
Depois de rodar alguns dias com o carrinho na cidade, arrumei as malas e peguei a estrada na direção de Guapimirim. De porta a porta, foram quase exatos 90 km, grande parte em bom asfalto plano e sem engarrafamentos – a não ser por uma pequena e já tradicional aglomeração de carros na praça do pedágio da BR 493, a Rio-Teresópolis. Nesse ambiente quase ideal, em velocidades acima de 80 km/h, o Joy seguiu feliz e satisfeito. Nos 110 km/h máximos permitidos para a melhor parte da estrada, em sexta marcha, o conta-giros indicava um tantinho mais que 3 mil giros, o que não é muito para um 1.0 sem turbo.
A nossa tranquilidade só não era maior por conta do nível de ruído, um tanto mais alto que o das antigas versões LT e LTZ do Onix dessa geração anterior. Pelo visto, junto com as com essas letrinhas se foi uma parte do isolamento acústico das extintas opções mais caras. O vento passando pela carroceria, pneus riscando o asfalto áspero, ar-condicionado em regulagem acima de 2 (ela vai até 4), um leve trepidar da tampa interna do porta-malas; a suspensão, mais para firme, acusando cada remendinho no piso… Nada que chegasse a ser desesperador, mas juntando tudo isso, quase não dava para ouvir alguns dos instrumentos que tocavam na multimídia. A coisa ficou um pouco pior ainda nos trechos de paralelepípedos, já dentro de Guapi, onde desistimos de ouvir música.
O acabamento interno é no tradicional estilo “fabuloso mundo dos plásticos”. Painéis e forrações da portas são duros, mas, no geral, muito bem montados. Como já avaliamos duas outras versões do Onix dessa geração aqui na Rebimboca, não vou me estender nisso. Você pode conferir mais detalhes sobre o desenho do interior do carro nesses outros posts e vídeos, eis os links:
Test-drive com o Onix LTZ 2017 (blog) e Rebimboca apresenta: Onix LTZ 2017 (vídeo)
Onix Active: vale pagar mais pelo visual? (blog) e Onix Active na TV Rebimboca (vídeo)
Serra, a fronteira final
De Guapi, subimos a serra até Teresópolis e, de lá, pela antiga, bela, íngreme e sinuosa BR-495 – também conhecida como Estrada das Hortênsias – até Itaipava, de onde seguimos para Araras. A esta altura o leitor deve estar pensando: carro 1.0 com motor tradicional (sem turbo, nem mesmo 16 válvulas) + serra = sofrimento em longa-metragem. Bom, não vou dizer que tenha sido a viagem mais prazerosa que fiz nesse trecho, por onde já passei com os mais variados tipos de automóveis.
Mas, com apenas dois a bordo, tráfego tranquilo e uma espécie de “modo zen” ativado em meu humor, confesso que a coisa foi bem melhor do que eu (sim, eu também) imaginava. Novamente sem preguiça de usar o bom câmbio manual de seis marchas, subidas e retomadas foram vencidas sem muitos sobressaltos. E até mesmo uma ultrapassagem – num dos raríssimos pontos da velha estrada em que isso é possível – foi feita, com um pouco de torcida, mas sem o menor risco.
Tirando o já mencionado ruído um pouco acima da média, fomos (e voltamos, dias depois, pelo mesmo trajeto) tranquilos. Nada surpreendente, mas também sem decepções. O ponto alto disso tudo é que, mesmo com tantas pirambeiras para subir, a média de consumo na estrada ficou perto dos bons 14 km/litro de gasolina. Nada mal.
O que é bem bolado não envelheceu
No geral, também, a ergonomia é boa. O painel dos instrumentos é bem simples e já bem conhecido de quem dirige essa geração de Chevrolets – há quem não goste, mas eu acho bem fácil de “ler” pelo caminho. Tem velocímetro digital e conta-giros analógico, luzes de aviso – inclusive para o cinto de segurança nos bancos da frente – e uma telinha com algumas poucas informações, que são selecionadas por um botãozinho. Para acioná-lo, é preciso passar a mão por dentro ou contornando o aro do volante, como antigamente.
A direção com assistência elétrica é leve nas manobras lentas, mas poderia ser um pouquinho mais firme nas velocidades mais altas. Curto e com bom esterçamento (o quanto as rodas dianteiras viram), o Joy é bem prático para se manobrar e estacionar.
Sobreviventes da safra anterior
O Chevrolet Onix foi lançado no Brasil em 2013 e é o carro mais vendido por aqui há anos, e isso não aconteceu por acaso. Num mercado bem disputado como o nosso, ele vem agradando por seu conjunto e, também, pelo famoso e importante custo-benefício. No segundo semestre do ano passado, ele ganhou uma nova geração, literalmente revista e ampliada, com tamanho maior, mais recursos e motores mais modernos.
O Joy e o sedãzinho Joy Plus, o antigo Prisma, permaneceram no cardápio da montadora como representantes da primeira “safra”, como opções de entrada, e estão disponíveis apenas com esse motor 1.0 e poucas variações de opcionais – o que não impede que você os equipe melhor na concessionária, como o carro que usamos. É lógico que, daqui pra frente, a maior fatia dos compradores do Onix deve escolher a nova e mais moderna safra do modelo. Até porque ela praticamente manteve os preços das versões mais caprichadas da geração anterior.
Por outro lado, vale lembrar de outros modelos veteranos que seguiram com sucesso o mesmo caminho, como o Corsa Sedã, que acabou virando Classic e permaneceu durante muitos e muitos anos como opção de entrada, na mesma Chevrolet. No final das contas, esse carrinho oferece a essência do que fez da geração anterior do Onix a queridinha do seu segmento e, embora aliviado de parte dos itens de conforto que as versões mais caprichadas do modelo traziam, é antes de qualquer coisa, bom de dirigir. Com o preço certo, ele não é (e nem será) uma má opção.
Chevrolet Joy
Black Edition 2020
Ficha técnica
(dados da fábrica, gas/etanol)
Motor
Dianteiro transversal, flex
4 cil em linha, 8 válvulas (SOHC)
Taxa de compressão 12.6
Potência: 78 cv/80 cv @ 6400 rpm
Torque: 9,5 kgfm 9,8 kgfm @ 5200 rpm
Transmissão
Manual, 6 velocidades
Freios
Dianteiros a disco ventilado
traseiros a tambor
Direção
Elétrica Progressiva
Suspensão
Diant. independente tipo McPherson,
Tras. semi-independente, com eixo torção
Rodas e pneus
Rodas de aço estampado 5Jx15
com calota integral
Pneus 185/65 R15
Dimensões (mm)
Comprimento 3.930
Largura - carroceria 1.705
Largura total - espelho a espelho 1.964
Altura 1.476
Distância entre eixos 2.528
Capacidades (litros)
Tanque de combustível 54
Porta-malas:
Fechado 289
Bancos rebatidos 1.020
Peso
1.028 Kg
Preço: a partir de R$ 49.090
Acessórios instalados no carro deste vídeo:
(podem variar de uma para outra concessionária)
Central multimídia (blue tooth, TV, DVD, GPS e espelhamento de smatrphone)
– R$ 2.194,33
Sensor de est. dianteiro – R$ 687,00
Alerta de ponto cego – R$ 688,64
Vidros traseiros elétricos – R$ 1.681,15
Total: R$ 5.251,12
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