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Um test-drive com o Citroën C3 You 2025, o 1.0 turbo mais barato do Brasil

Texto e fotos de Henrique Koifman




Agora em janeiro, passei uma semana com o novo Citroën C3 You. É sobre carro que falamos neste post e, também, no vídeo da janela acima, na TV Rebimboca. A grande novidade desta versão do hatch compacto está debaixo do capô: o motor T200 turbo flex de três cilindros. Aquele mesmo motor que equipa outros modelos de marcas do grupo Stellantis, como os SUVs da própria Citroën, o C3 Aircross e o Basalt; algumas versões dos Fiat Fastback, Pulse e Strada e ainda o Peugeot 2008 e versões do Peugeot 208 (veja no final deste post links para as avaliações que fiz com alguns desses modelos)*.


Esse motor deu, literalmente, uma injeção de ânimo ao antes pacato C3. Mas, de resto, tirando uns grafismos na carroceria, bancos e volante mais caprichados, com forração em material sintético semelhante ao couro, e conectividade sem fio com a multimídia, o You é praticamente idêntico aos outros C3. Isso por um lado é bom, mas por outro, nem tanto.



O Citroën C3 é um carro altinho, com 18 cm de distância para o solo e quase 1,60 m de altura, e parece um mini SUV. E isso ajuda o carrinho passar sem raspar em quebra-molas, valetas, buracos e outros obstáculos cotidianos que nós, brasileiros, conhecemos intimamente. Passa bem até em estradinhas de terra (já fiz isso, com outro exemplar). Quadradinho, ele até me lembrou o antigo Fiat Uno Mille, no melhor dos sentidos, só que com muito mais conforto.



Isso porque ele é provavelmente o hatch compacto mais espaçoso de sua categoria no mercado hoje, e também o mais macio de suspensão. Suave e combinada com pneus de perfil de intermediário para alto (195/65 R15), essa suspensão faz com que ele transite em pisos ruins tirando onda de tapete voador. E, cá entre nós, esse arranjo compacto+espaço+maciez é uma boa combinação para um carrinho urbano.



Mas aí, nesta versão You, entra o tal do novo motor T200, que tem 130 cavalos de potência e 20,4 kgfm de torque, gerenciado por um câmbio automático do tipo CVT que simula sete marchas (veja a ficha técnica completa do carro no final desta página). E esse pacote deixa o carro espertíssimo, acelerando rápido que só ele – 0 a 100 km/h em 8,4 segundos, segundo a fábrica –, e retomando velocidade rapidinho também. Ele esbanja disposição mesmo sem que você aperte a tecla Sport, que é difícil de encontrar – fica no painel, escondida pelo volante (fotos abaixo), e, como no Peugeot 208, não tem luz indicativa de acionamento nos instrumentos. Com ela apertada e o giro do motor um pouco mais alto, então, o C3 vira uma espoleta.



A questão é que, nas manobras mais bruscas, como arrancadas e freadas, e nas curvas mais fechadas, a suspensão muito macia e a altura fazem ele inclinar e balançar mais do que deveria. Não chega a ser instável, mas incomoda e acaba com boa parte do prazer de dirigir esportivamente.



Consta que a Citroën até endureceu um pouquinho a suspensão dessa versão, além de ter colocado pinças maiores nos freios dianteiros, a disco – e, efetivamente, notei que esse C3 freia melhor que seus irmãos de motor aspirado. Mas, para que o carro ficasse mais afinado com essa performance animada, seria ótimo se os engenheiros aumentassem um pouquinho mais a rigidez das molas, endurecendo seu comportamento – sem eliminar sua ternura, jamais, claro, rs.



Maciez extrema tem a ver com estratégia da Stellantis


Acho improvável, porém, que a Citroën mexa no C3 You para dar a ele um comportamento mais esportivo. Hoje, no grupo Stellantis, a marca do circunflexo duplo tem foco em modelos mais simples, de entrada, o You custa, hoje, perto de R$ 101 mil. Mas se você quiser ter um carrinho com sotaque francês, com esses mesmos motor e câmbio, mas com um acerto mais justinho, que combina melhor com seu desempenho, recomendo experimentar o bom primo do C3, o Peugeot 208 na versão Allure, que custa R$ 12 mil a mais (aproximados R$ 113 mil) ou, ou na topo de linha GT, de R$ 127 mil. Isso porque, na tal “escala de serviço” da Stellantis, coube à Peugeot ocupar esse espaço.


Voltando ao C3 You, exatamente por esse foco da Citroën na parte de baixo da tabela de preços, a despeito de seu estilo bem bacaninha, seu interior é de uma simplicidade franciscana. A despeito da tela de multimídia de 10” em formato panorâmico, há poucos recursos extras, o painel de instrumentos é monocromático e muito resumido (não há conta-giros!) e o computador de bordo – que para mudar de função exige que você enfie a mão por dentro do volante – parece ter menos funções que meu relógio digital dos anos 1980.


Acho o desenho do tablier, comandos do ar condicionado e saídas de ar no C3 interessante. Mas todo o material de painéis, na frente e nas portas, é totalmente rígido, sem nenhuma parte acolchoada ou forrada. E o isolamento acústico é limitado. Acelerou, ouviu o motor. E alto. E, embora traga todos os itens de segurança obrigatórios, o C3 tem apenas dois airbags frontais (no primo Peugeot 208, são seis). Tudo para fechar a conta e manter seu preço abaixo do da concorrência – ele é, hoje, o hatch com motor turbo mais em conta do mercado e, mesmo com essas faltas, tem um bom custo-benefício.


(*) Confira aqui as avaliações que fiz com alguns dos modelos equipados com o mesmo motor T200 do novo Citroën C3 You:







Aqui, o teste do mesmo Citroën C3, mas na versão Feel (1.0 aspirado) - https://www.rebimboca.com.br/single-post/que-tal-o-citro%C3%ABn-c3-feel-1-0


Citroën Basalt - https://www.rebimboca.com.br/single-post/basalt-a-nova-arma-da-citro%C3%ABn-na-guerra-dos-suvs-compactos E, abaixo, o vídeo com nosso test-drive inicial do Citroën Basalt para a TV Rebimboca.




Citroën C3 YOU! Turbo 200

Ficha Técnica (dados do fabricante)


Motor

Dianteiro, transversal

Injeção: direta

Combustível: Gasolina/etanol

3 cilindros em linha,

12 válvulas

Cilindrada total: 999 cm³

Potência (cv): 125 (gasolina)

/ 130 (etanol)

Torque (gasolina/etanol):

20,4 kgfm a 1.750 rpm


Transmissão

Câmbio automático, CVT

 com simulação de 7 marchas

Tração: dianteira


Freios

Dianteiro: Disco ventilado

com pinça flutuante

Traseiro: Tambor, autoajustável


Suspensão

Dianteira independente, tipo McPherson

com barra estabilizadora

Traseira dependente,

com Eixo de torção e barra estabilizadora


Direção

com assistência elétrica

Diâmetro de giro: 10,8 metros


Rodas e pneus

Aro 15”, liga leve

195/65 R15


Dimensões e capacidades

Peso - 1.115 kg

Comprimento: 3.981 mm

Largura da carroceria: 2.019 mm (c/espelhos)

Altura: 1.605 mm (c/barras no teto)

Distância entre eixos: 2.540 mm

Altura mínima do solo: 180 mm

Ângulo de entrada: 23°

Ângulo de saída: 39º

Porta-malas: 315 litros (VDA)

Tanque de combustível: 47 litros


Performance

Aceleração 0 a 100 km/h:

8,5 s (gasolina) / 8,4 s (etanol)

Velocidade máxima:

192 km/h (gasolina) / 194 km/h (etanol)

Consumo PBEV (km/l, gasolina/etanol)

Urbano: 11,0 / 7,8

Estrada: 12,8 / 8,8


Preço

(na página da montadora em 29/1/25)

A partir de R$ 100.990

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