A. Mattheis comemora 30 temporadas na Stock Car
Desde 2017, equipe de Petrópolis, a mais longeva na principal categoria brasileira, corre como Ipiranga Racing
Por Alexandre Kacelnik
A Stock Car chega à sua última etapa domingo (17), em Interlagos. Independentemente do desfecho de 2023, a Ipiranga Racing, que disputa o título de pilotos com Thiago Camilo e o de equipes, terá o que comemorar: o time de Andreas Mattheis fecha sua trigésima temporada consecutiva na principal categoria do automobilismo brasileiro. É a equipe mais longeva do grid.
Criada em 1990 por Andreas Mattheis, a A. Mattheis chegou à Stock Car em 1994, ano em que o Chevrolet Omega estava debutando na categoria (desde sua primeira temporada, em 1979, a Stock corria com variações do Chevrolet Opala). Naquele primeiro ano o carro da equipe era um Omega prata, pilotado pelo próprio Andreas – campeão brasileiro de Marcas e Pilotos em 1988, 90, 92 e 93 -, em dupla com Paulo Judice.
As primeiras vitórias vieram em 1996, com Djalma Fogaça, que ganhou duas das dez corridas e ficou em terceiro na temporada. Em 1997, terceiro novamente no campeonato de pilotos, com Paulo Gomes, que venceu três das dez etapas. Com sete vitórias em dez etapas de duas baterias cada, Paulão foi vice-campeão em seu último ano de A.Mattheis.
A partir de 1998, a equipe deu um salto de qualidade com a chegada de Xandy Negrão e o patrocínio da Medley. A própria Stock Car deu um grande salto de qualidade quando passou a usar um Chevrolet Vectra de chassi tubular projetado especialmente para corridas e não mais um carro de rua adaptado, em 2000, e um salto maior ainda no ano seguinte. A partir de 2001, quando foi adotado o motor V8, lacrado após cada corrida e com potência equalizada em dinamômetro, e a coleta de dados foi liberada, começou a preponderar a engenharia. E a A. Mattheis começou a se destacar ainda mais.
O primeiro título veio com Giuliano Losacco, com as cores da Medley, em 2005. Em 2008, Ricardo Maurício, também com um carro da Medley, foi campeão pela WA Mattheis, uma equipe irmã.
Já com as cores da Red Bull, Cacá Bueno venceu com a A. Mattheis os campeonatos de 2009, 2011 e 2012.
Desde 2017, a A. Mattheis é Ipiranga Racing, sempre com Thiago Camilo, que já teve como companheiros de equipe Galid Osman, Bia Figueiredo, e desde 2020 Cesar Ramos. Das 39 vitórias de Thiago Camilo, que o tornam o maior vencedor da Stock Car em atividade, 18 foram conquistadas na Ipiranga Racing de Andreas Mattheis. As duas vitórias de Cesar Ramos na Stock Car fora, conquistadas pela Ipiranga Racing, o que perfaz a soma de vinte vitórias nestas sete temporadas de parceria.
A estrutura ligada a Andreas Mattheis em Petrópolis tem, além da Ipiranga Racing, a A. Mattheis Vogel (comandada por Mauro Vogel) e a Blau Motorsport (comandada por Rodolpho Mattheis, filho de Andreas).
Andreas Mattheis: “Quando eu comecei acumulando as funções de piloto e chefe de equipe, na época do Omega, não vislumbrava que a equipe e a Stock Car iam crescer e evoluir tanto. A gente chega aos trinta anos com a perspectiva de um carro totalmente novo, muito mais tecnológico, um salto quântico. Creio que o segredo para a continuidade de uma equipe vitoriosa dentro deste cenário já está sendo escrito desde 2017, quando comecei a investir mais numa espécie de passagem de bastão para os engenheiros. A equipe tem que sobreviver à minha pessoa, afinal vou fazer 70 anos em 2024 (Andreas Mattheis é de 24 de maio de 1954). E não é só a idade, porque essa renovação tecnológica de certa forma me mantém jovem, mas sem dúvida é importante delegar aos mais jovens para não cair na obsolescência. Mas talvez o ponto chave para a Mattheis se manter ativa e competitiva por tanto tempo, com poucos e bons patrocinadores (foram 12 anos com a Medley, 8 anos com a Red Bull e até 2023 sete anos com a Ipiranga), é que eu considero as pessoas o maior patrimônio da equipe. Temos uma rotatividade de mão de obra muito pequena, as pessoas chegam aqui e vão ficando, formamos uma família. “
Thiago Camilo: “Desde antes de eu pilotar na Stock Car, ainda adolescente, a equipe A. Mattheis já era uma referência pra mim. O nível de apresentação era totalmente diferente, parecia um box de Fórmula 1, com os mecânicos uniformizados, as marcas dos patrocinadores bem expostas. A Mattheis sempre foi pioneira, foi a primeira a trazer engenheiros da Europa. E as outras vieram atrás. Só posso parabenizar o Andreas por esses 30 anos sempre em altíssimo nível, e comemora que desde 2017 eu e a Ipiranga fazemos parte dessa História”.
Cesar Ramos: “Desde a primeira vez que eu prestei atenção na Stock Car o padrão daquela equipe, que era a Red Bull, me chamou atenção. Aí quando você entra na categoria, chegar a correr numa equipe dessas, um dia, passa a ser uma meta, um sonho. E o mais legal deste sonho se realizando é que quando entrei na Ipiranga Racing me senti em uma família, a união é muito grande, e isso me dá vontade de conquistar, de orgulhar essa família”.
Fotos: Carsten Horst/Hyset, menos a de Andreas de headphone, que é de Rafael Gagliano/Hyset
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