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Cabelos brancos não garantem a resposta certa

Chuva forte leva a raro cancelamento de prova da Stock Car no Velocittá


Por Alexandre Kacelnik





Uma das pautas da segunda etapa da temporada 2024 da Stock Car era a merecida homenagem a Daniel Serra por completar 300 corridas na principal categoria do automobilismo brasileiro, o que aconteceria na segunda corrida do fim de semana, no domingo 24.


As homenagens até foram feitas, mas a corrida não aconteceu. Chuvas não muito fortes, mas que caíram horas seguidas, tornaram impraticável a realização da prova no Velocitta (SP), mais pela aquaplanagem dos carros, constatada nas voltas de aquecimento, do que pela péssima visibilidade, que já seria proibitiva.

Daniel Serra chegou à Stock Car em 2007. Comecei a cobrir a Stock em 2001, e como naquela época eram doze corridas por ano, devo ter acompanhado 372 provas. Por isso e pelos meus cabelos brancos, porque não tenho esse 372 estampado na testa, muita gente – jovens colegas, colegas que estavam fora do autódromo e convidados de box – me perguntou: ‘você acha que vai ter corrida’?


Minha resposta foi: ‘Acho que sim, vão fazer como em Tarumã em 2005: largar, dar umas voltas até alguém rodar e ir até o fim em bandeira amarela’. Esportivamente esta é a pior solução. Em termos de segurança também não é boa, porque, como aconteceu em Tarumã, em condições muito ruins os carros rodam e batem até quando estão desfilando atrás do safety car. Mas economicamente, para o organizador, é a melhor solução.


Em Tarumã, 2005, não foi exatamente assim, porque o público gaúcho, que além de amar as corridas de carro, tem ganas de heroísmo, ficou na arquibancada vaiando o tal desfile. Aos encharcados heróis, a organização prometeu ingressos para a próxima etapa da Stock Car no autódromo gaúcho. Antes que eu esqueça, Ruben Fontes fez a pole position e venceu aquela corrida.


A Stock Car volta ao Velocitta em junho, para sua quinta etapa, e a corrida 300 de Daniel Serra, que largava na pole position e tinha tudo para fazer uma linda festa, vai se encaixar no programa do fim de semana. De resto, Andreas Mattheis, chefe da minha equipe, a Ipiranga Racing, foi sucinto-cirúrgico-germânico, desculpem a redundância, ao falar sobre o ocorrido: “Foi a decisão mais sensata”.


No sábado 24 já haviam rolado classificação e corrida, e a chuva também foi protagonista. Minutos antes de 28 carros entraram na pista para a primeira sessão de classificação, o Q1, choveu. A pista estava molhada e todos esperaram até o último minuto, espionando freneticamente os vizinhos de box e adversários, para optar pelos pneus. A maioria, na verdade os principais concorrentes às primeiras colocações, optou pelos pneus slick.


Com pneus lisos na pista úmida, Thiago Camilo foi o mais veloz do primeiro grupo e Cesar Ramos o segundo mais veloz do segundo grupo. As expectativas eram as melhores possíveis para o Q2, onde entram 20 carros e ficam oito para o Q3. Provavelmente um errinho de calibragem para a nova condição da pista, que estava secando, jogou os pilotos da Ipiranga Racing numa posição desconfortável: Thiago Camilo classificou em 17º e Cesar Ramos em 18º, posições que servem para as duas corridas.





A estratégia da Ipiranga Racing foi poupar o uso do botão de ultrapassagem e não usar os melhores pneus na prova de sábado, que vale menos pontos e tem 30 minutos. Na prova de domingo, com 50 minutos e pontuação maior, haveria mais tempo e equipamento para brigar por bons pontos. Mesmo poupando, Thiago acabou a corrida de sábado em 9º e Cesinha em 12º. Aparentemente a estratégia deu muito certo, em junho a gente confere. A vitória na Sprint Race do sábado 24 foi de Felipe Massa. E falando em cabelos brancos, eu não me lembro nessas 24 temporadas de outra prova de Stock Car adiada pela chuva, mas como a minha previsão, a memória pode ter falhado.

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