Refém do equipamento, Ipiranga Racing sai com poucos pontos do Velocitta
- Alexandre Kacelnik
- 8 de out.
- 4 min de leitura
Por Alexandre Kacelnik

Cada um dos três dias da 8ª etapa da temporada 2025 da Stock Car, realizada no último fim de semana no Velocittà, em Mogi Guaçu (SP), mostrou uma Ipiranga Racing trabalhando muito e bem, mas refém dos problemas de quebras ou mau funcionamento das peças fornecidas e gerenciadas eletronicamente pelo fornecedor dos carros.
Na sexta-feira (dia 3), os mecânicos trabalham - e correram - muito mais que os pilotos. A equipe passou o dia tentando resolver os problemas de falta de velocidade nas retas dos dois carros, de Cesar Ramos e Thiago Camilo. Trocou motores entre sessões de shake down, quando o problema começou a aparecer, mas ele persistiu nos treinos livres.

Cesar Ramos chegou a ficar em 8º no primeiro treino livre, mesmo com a velocidade máxima cerca de 4km/h menor que a dos carros mais velozes, mostrando que o carro da Ipiranga está bem acertado. Nesta sessão Thiago Camilo teve um carro ainda mais lento nas retas, e chegou em 17º. Na segunda sessão o carro de Cesar Ramos teve um problema no turbo e quebrou. Ele não chegou a completar uma volta rápida. Thiago Camilo estava assistindo os mecânicos trocarem motor quando a segunda sessão começou. Conseguiu entrar na pista faltando 15 minutos para o fim e logo voltou para o box. A empresa fornecedora dos motores e responsável pelo mapeamento eletrônico do carro mexeu no motor, e o carro voltou à pista faltando menos de cinco minutos para o fim, fazendo a 20ª melhor volta.
O sábado (dia 4) de classificação e Sprint Race começou da mesma maneira que acabou a sexta-feira de treinos livres para a Ipiranga Racing: com muito problemas. Camilo continuou sofrendo com a falta de velocidade crônica nas retas, mesmo depois de trocar o motor duas vezes, e Cesar Ramos seguiu com quebras no turbo.
Na primeira sessão de classificação, Cesinha saiu no primeiro grupo, formado por pilotos com posições ímpares no campeonato (ele estava em 9º), e não chegou a completar uma volta, com a quebra do turbo. Largou em 31º e último lugar. Thiago Camilo andou no segundo grupo, formado pelos pilotos em posições pares (era o 4º no campeonato), sofreu demais com a falta de velocidade e, apesar de o carro estar bom de acerto, e classificou em 27º lugar.
Os problemas com os motores não foram exclusividade da Ipiranga Racing, e fizeram com que o fundo do grid juntasse nomes que não costumam frequentar aquelas posições, como os tricampeões Daniel Serra (26º) e Ricardo Mauricio (30º), e o ex-F1 Ricardo Zonta (29º).
Um grande acidente provocado por uma rodada de Felipe Baptista, que largara em 8º e levou meia dúzia de carros com ele, gerou uma oportunidade que Thiago Camilo não desperdiçou: driblou vários adversários e pulou de 27º para 6º, posição que manteve até o fim da corrida.
“Foi uma circunstância feliz eu conseguir sobreviver ao acidente acelerando e ganhar muitas posições, mas daí para a frente continuei sofrendo com a falta de velocidade do carro” disse o piloto do Toyota número 21, que ganhou 21 posições. Camilo passou a metade da corrida menos de um segundo atrás de Enzo Elias, sem condições de ultrapassar. Seu carro teve como velocidade máxima na corrida 208,9 km/h, contra 216,0 km/h de Átila Abreu, uma diferença gigantesca em carros que em tese são equalizados.
Cesar Ramos também se livrou do acidente, porém de forma mais conservadora, e ganhou 12 posições, indo de 31º para 19º na primeira volta. Acabou a corrida em 16º. “Na verdade, lá de onde eu estava, não vi nada, subiu muita poeira na minha frente. O que eu fiz foi pisar forte no freio e esperar clarear um pouco, e deu certo”.

Na corrida de domingo (dia 5), Thiago Camilo tinha como desafio ganhar o máximo possível de posições na pista de difíceis ultrapassagens do Velocittà. Estava fazendo mais um milagre, e pelas projeções da Ipiranga Racing chegaria no top 10 se o Toyota número 21 não começasse a falhar faltando cerca de dez minutos para o fim, quando ocupava a 11ª posição. O problema elétrico que afetou o sensor que controla o funcionamento da borboleta (peça que controla a quantidade de ar que entra no motor) fez o carro falhar e perder potência, até levar o Toyota número 21 ao 24º lugar, o último entre os que estavam na mesma volta do líder, Rafael Suzuki (que venceu a corrida, ganhou o troféu e foi desclassificado horas depois por irregularidades técnicas). Na penúltima volta, com os pontos do 24º lugar assegurados, Camilo recolheu o carro ao box. O problema foi o mesmo que afetou o carro domingo anterior, também no Velocitta.
Para Cesar Ramos, o domingo também não foi fácil. Largando em último (31º lugar) novamente, apesar ter perdido cerca de seis preciosos segundos com a troca da roda traseira direita no pit stop, chegou em 18º, ganhando 13 posições, que certamente seriam mais. “O ritmo de corrida dos dois carros era muito bom hoje, mas diferentes problemas nos tiraram de posições de top 10, apesar de termos largado lá do fim”, disse Tiago Cortez, engenheiro da Ipiranga Racing.
Foto carro 30 – Carsten Horst/Hyset Foto carro 21 – Rafael Galiano/Hyset

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