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Jovens urubus voam para o céu


Saio do elevador no andar de nosso escritório e, da janela do hall, avisto um grupo de urubus aproveitando uma térmica (coluna de ar quente) para subirem em direção ao céu. Meio estabanados, parecem meio voar, meio brincar, disputando uma espécie desordenada de corrida. Batendo assas e pairando em círculos, às vezes, permanecem mais próximos uns dos outros, em outros momentos se afastam como se procurassem um atalho que os lançasse à frente dos demais.

Quantos são? Dez, penso contar em um certo momento. A associação com os 10 meninos jogadores do Flamengo que se foram na semana passada é um tanto óbvia e já algo defasada, mas é inevitável.

Nesses tempos, parece que o futuro se transformou em algo supérfluo, um componente intangível que pode ser sacrificado em prol de benefícios imediatos. O tal “foco nos resultados” parece desconsiderar qualquer outra coisa que não o lucro. A palavra consequência anda meio perdida entre tantos conceitos e jargões em inglês, em justificativas técnicas para o que é humanamente injustificável. Como se o amanhã pudesse ser de alguma forma bom sem água, ar e consciências limpas.

Que futuro tem um futuro que se constrói sobre rios, campos, cidades e culturas assassinadas; sobre os corpos de meninos mortos pelo fogo, por balas ou simplesmente pelo desrespeito? Já passou da hora de entendermos que somos todos acionistas desse amanhã e que, querendo ou não, vamos dividir com nossos filhos, netos e seus netos o “retorno” do que nele investimos hoje.

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