Para viajar bem, viaje zen
Todo ano é igual. Chega dezembro e praticamente todo todos os espaços destinados a automóveis na mídia incluem em sua pauta alguma coisa falando sobre “a necessidade de se fazer uma revisão de férias” no carro, antes de partir para as viagens nos feriados de fim de ano. Antes de ir em frente, lembro que, para quem segue o plano de revisões indicado pelo manual do carro e cuida dele o ano inteiro, com a ajuda de um mecânico ou oficina de confiança, essa história de “revisão de férias” nem faz muito sentido.
É claro que, para quem não cuida direito do carro, a perspectiva de ficar enguiçado a uns 20 km de Deus me Livre é assustadora e justifica todas essas matérias, seus conselhos e descrições de serviços a fazer. Mas, otimista que sou, prefiro pensar que a imensa maioria de meus leitores não se enquadra nessa categoria mais relapsa e é para esses que escrevo aqui agora.
Mesmo tendo “tudo em cima”, não custa conferir algumas coisas, no carro e fora dele, antes de sair pra viajar. Afinal, seguro morreu de velho e com o carro estacionado onde ele queria. Vamos a uma listinha básica a verificar:
1 – Rodas e pneus. Dê uma boa olhada. Pneu careca é quase garantia de dor de cabeça, pois compromete muito a estabilidade do carro e ainda é mais vulnerável a furos e rasgos. Olhe com atenção se nenhum dos pneus tem calombos ou se desgastou de forma irregular, mais do lado de fora do que de dentro, por exemplo – o que é sinal de que as rodas podem estar desalinhadas e isso também prejudica a estabilidade.
As rodas, aliás, não devem ter amassados ou rachaduras. Como os pneus hoje não usam mais câmeras de ar, um aro de roda amassado ou rachado pode fazer com que o pneu se esvazie, especialmente em estradas esburacadas, com pavimentação ruim – justamente aquelas em que normalmente é mais difícil de se conseguir ajuda. E, claro, não se esqueça de conferir também o macaco, chave de roda, estepe e de calibrar todos os pneus direitinho antes da viagem.
2 – Luzes e parte elétrica. Faróis, setas, lanternas, luzes de freio, de ré e de iluminação da placa traseira devem estar em ordem, e, rodando apenas na cidade, nem sempre a gente se dá conta que alguma lâmpada se queimou. Se você tem filhos com idade suficiente para ajudar, namorada(o), amigo(a) ou parente solícito, entre no carro, vá acionando essas luzes, uma de cada vez, e peça para seu ajudante confirmar se elas se acendem. Sem esquecer dos faróis altos e baixos. Fica mais fácil fazer isso à noite ou dentro de uma garagem, claro.
Além das luzes, com o motor funcionando, vale testar todos os elevadores de vidros (isso pifar numa chuvarada seria horrível) e outros acessórios elétricos, como o limpador de para-brisa. Se notar que estão mais lentos que o normal ou travando, é bom procurar uma oficina para avaliar se a bateria está ok ou se há algum outro problema elétrico ou no mecanismo.
3 – Limpador de para-brisas – também vale conferir também se as palhetas estão em bom estado e têm capacidade para escoar a água direitinho. Se não estiverem, é coisa relativamente barata e que se, sozinho, troca em minutos.
4 – Abra o capô. Dê uma olhada no nível dos fluidos de freio e, dependendo do carro, no da direção hidráulica, também (há modelos com direção elétrica, que não usa fluido). Os reservatórios desses fluidos são de plástico translúcido e têm uma marquinha que indica o nível correto, ou então o mínimo e o máximo recomendados. Mas, se estiverem baixos, não complete, vá a uma oficina, pois isso pode indicar
desgastes ou vazamentos.
Confira também o nível do óleo do motor pela vareta (sempre com o motor parado há, pelo menos, cinco minutos) e o do reservatório do sistema de arrefecimento (aquele com o líquido que passa pelo radiador). E veja se há água com detergente para o esguicho do para-brisa.
5 – Documentos. A carteira está em dia? E o DUT, que é a identidade do carro, pago e atualizado? Se não estiverem, regularize antes de sair da garagem, se não, mesmo com a manutenção do carro tinindo sua viagem tem chances enormes de ser interrompida no meio e você ainda receber um pito daqueles de um policial rodoviário.
6 - O mais importante. Com tudo devidamente conferido, procure não levar bagagens em excesso, escolha uma boa trilha sonora e faça uma viagem tranquila. Bom, na prática, isso não depende apenas de um carro bem tratado, claro. Engarrafamentos, calorão, uma tempestade, crianças irritadas no banco de trás, manobras loucas de outros motoristas, fila no pedágio, estradas com buracos… Costumo dizer que, se fosse videogame, a tal Viagem de Férias seria daqueles cheios de fases, com inúmeros desafios e armadilhas.
Mas, diferentemente dos jogos, para enfrentar a viagem de carro você já pode sair de casa com principal a arma, ou o antídoto mais eficiente, para vencer a parada: a calma. Antes de fechar a sua mala, retire de dentro dela a ansiedade, a pressa e o espírito competitivo e dobre a quantidade de bom humor, de empatia e – porque não? – de gratidão por poder usufruir os momentos felizes que vêm pela frente. Vá zen, sem deixar que nada contamine o seu bom astral. No fundo, isso é sempre o mais importante. Boa viagem!
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