BMW vai ter seu próprio centro de reciclagem de baterias
Por Henrique Koifman
A germânica BMW é uma das marcas tradicionais que mais têm investido na eletrificação de seus modelos. Sem deixar por completo de fabricar automóveis com motores a combustão, a empresa vem lançando várias opções híbridas e 100% elétricas de seus carros. Mais que isso, ela foi uma das primeiras – se não a primeira – entre as grandes alemães a colocar no mercado modelos criados “do zero” para usar apenas baterias – como o compacto i3 e o esportivo i8. E, não por acaso, é da BMW também o primeiro modelo híbrido plug-in produzido no Brasil – o SUV X5. O investimento da empresa na eletrificação, porém, vai além do projeto e construção dos carros. Sim, me refiro ao pior efeito colateral da produção em massa desses automóveis “zero emissões”, a produção e descarte de suas baterias.
Resumindo, para produzir as baterias que atualmente são utilizadas por praticamente toda a indústria automobilística, que têm os íons de lítio com ingrediente fundamental, mas envolvem também outros minerais raros, depende da extração de matérias-primas por mineração, algo que, no mínimo, envolve um tremendo risco socioambiental. E, até não muito tempo atrás, o destino das baterias usadas era também um tremendo abacaxi, pois não havia opção confiável para reciclá-las. Isso, felizmente, está mudando e rápido. Hoje, tecnologia – e, principalmente, o aumento de demanda pelos materiais recuperados – tornou a reciclagem das baterias não só viável, como também um excelente negócio.
BMW quer fabricar e reciclar
A BMW já fabrica as baterias que utiliza em seus modelos faz um tempo, em unidades na Alemanha e Tailândia. E está investindo na construção e ampliação de outras linhas de montagem para isso. Agora, anunciou que vai também reciclar, ela mesma, as baterias gastas de seus carros elétricos e a primeira planta para isso será construída na Europa. Trata-se do Centro de Competência de Reciclagem de Células – ou CRCC –, também na Alemanha, onde a empresa informa que vai fazer a reciclagem direta desses componentes – ou seja, desmontar mecanicamente as baterias e separar as matérias-primas para que sejam reaproveitadas para a própria BMW fabricar novas baterias.
Além do impacto socioambiental, as matérias-primas das células de bateria, como os “raros” lítio e cobalto, mas também grafite, manganês, níquel e cobre, representam alguns dos maiores custos na produção dessas células. E podem ser reaproveitadas. Ou seja, reciclando, a BMW vai dar um bom passo em direção à sustentabilidade ambiental, claro, mas também vai fazer um ótimo negócio, que provavelmente vai até ajudar a reduzir o preço final de seus carros elétricos.
A BMW informa que seu novo CRCC terá uma área de 2.200 m² e ficará dentro do parque industrial Kirchroth-Nord, perto de Straubing. A reciclagem – e o reaproveitamento – inclui até a energia elétrica que ainda restar nessas baterias. Elas serão descarregadas e essa energia será capturada em sistemas de armazenamento dentro do próprio edifício, para ser usada na operação dos próprios sistemas de reciclagem. Tudo isso deve começar a funcionar até 2026.
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