Test-drive com o Toyota SW4 SRX 2023
Por Henrique Koifman (texto e fotos)
Quando me ofereceram o Toyota SW4 SRX 2023 para avaliar, tratei logo de bolar um roteiro que me permitisse usar o carro no que imagino ser o ideal para esse tipo de SUV, ou seja, que incluísse uma viagem por estradas variadas, do melhor asfalto à terra malconservada.
E como sou um típico consumidor urbano, claro, também dirigir bastante pelo trânsito não muito fluido do Rio de Janeiro, incluindo aí alguns horários de rush. E é baseado nessa curta, mas variada experiência, que monto este vídeo.
Bom para começo de conversa, vamos à contextualização: com 4,795 metros de comprimento e 2,175 toneladas, o SW4 é o maior dos SUVs da Toyota no Brasil e certamente o mais “raiz” deles, custando hoje, a partir de R$ 378.190,00*. É derivado das picapes médias HiLux, famosas por serem duras na queda, projetadas para enfrentar condições severas. Daí que dele se esperta que não, mesmo não sendo um off-road para trilhas cascudas, não fique apenas na pose de aventureiro e tope nos levar por caminhos ruins.
De porte médio pros norte-americanos, pra gente, ou pelo menos pra mim, ele é bem bem grandão e ter de guiá-lo pelas ruas engarrafadas do Rio, num primeiro momento, pode ser até um pouco intimidador para quem não estiver habituado. Felizmente, esse não era o meu caso. Se você olhar aqui no arquivo da TV Rebimboca vai encontrar outros vídeos com carros do mesmo porte. Ou seja, tenho até bons parâmetros para comparar.
Daí que a primeira coisa que me impressionou positivamente, logo que saí com ele da concessionária foi a suavidade. Vá lá que navegar com esse carrão no trânsito exige um pouquinho mais de cidade – nosso e dos outros, diga-se. Mas, por outro lado, com a posição de dirigir bem alta e uma visibilidade digna de torre de comando, a coisa fica mais fácil. E fica ainda mais fácil por conta das reações, digamos, mansas, do acelerador e do câmbio automático de seis marchas. Se você pisar com moderação, ele vai responder com educação.
E, como em qualquer carro pesado e alto como esse, claro, é aconselhável antecipar um pouco as frenagens, manter uma distância um pouco maior para o carro da frente – até porque a visibilidade sobre o capô não inclui o que está na altura do para-choque e, na dúvida, mesmo com os apitos dos sensores de distância, um desconto de pelo menos um metro é de bom tom.
Além disso, a direção tem muito mais jogo do que se possa imaginar para um carro desse porte e com rodas e pneus tão grandes. Chega a ser melhor até que o de utilitários menores. E isso você percebe não só no trânsito, mas principalmente na hora de estacionar. Parar um monstrinho desses naquelas vagas em que eu costumo deixar modelos compactos ou, no máximo, SUVs médios foi, novamente, muitíssimo mais fácil do que eu temia que fosse. Olha só a foto dele parado na minha garagem – e, por favor, não reparem a bagunça. Claro que a boa câmera de ré ajuda muito. Vale registrar que a assistência de direção usada (ainda) é do tipo hidráulico, o que num modelo com um motor tão torcudo (50,9 kgfm) não chega a roubar força, mas é um dos sinais da idade de seu projeto.
Pela estrada afora
Mas a coisa fica bem melhor, mesmo, quando se coloca esse SW4 na estrada. É nesse tipo de ambiente que seu motorzão diesel com quase 51 quilos de torque e 204 cavalos tem chance de mostrar sua utilidade, movendo suas mais de duas toneladas com alegria. O câmbio automático tem funcionamento suave, entende bem quando é preciso esticar um pouco os giros e você afunda o pé no acelerador com mais força, especialmente se acionar a opção “power”. Daí o rugido do diesel também fica mais alto, dando a impressão de uma, digamos, interação mais direta dos seu comandos com o carro. Há ainda uma programação ECO, para economizar combustível e, claro, a Normal.
E, especialmente nas descidas mais íngremes, tem ainda o recurso de reduzir as marchas usando borboletas atrás do volante, o que é sempre bem útil e aumenta a segurança.
É claro que o carro é alto, tem 1,83 metro e rodas grandes de 18 polegadas com pneus de perfil alto, que com o curso longo da suspensão transmitem claramente cada calombo ou buraco maior do caminho, trazendo alguma oscilação. O SW4 é macio e não é lá muito indicado para curvas mais rápidas. Mas, com juízo, subimos a serra em bom ritmo, ultrapassando com tranquilidade os caminhões e carros mais lentos. E, nas partes planas, manter os 110 km por hora permitidos é moleza. Juízo e uma coleção de anjos da guarda eletrônicos de prontidão, que inclui controles de estabilidade e de tração, assistentes de pré-colisão, frenagem, frenagem de emergência e de partida em rampa; detetor de ponto cego, de pedestres e ciclistas, alerta de mudança de faixa e de tráfego na traseira e controle adaptativo de velocidade (ACC) e, ainda, seis air-bags (frontais, laterais e de cortina).
Além dos recursos, digamos eletromecânicos, contribui para essa tranquilidade a boa posição de dirigir – estilo tradicional caminhãozinho de luxo – do carro. Além da já mencionada altura em relação ao piso em que se guia e monitora a estrada, o banco em couro e material sintético e com ajustes elétricos – embora pudesse ter um pouquinho mais de apoio lateral –, volante e comandos são bons o suficiente para que você não se lembre deles, nem durante, nem depois do percurso. E o painel de instrumentos, se não traz a infinidade de recursos e configurações que encontramos em praticamente todos os tipos de veículos dessa faixa de preço, exibe tudo o que é necessário e, de certa forma, até descomplica um pouco a vida.
Nele, velocímetro e conta-giros estão em dois grandes mostradores analógicos, como se usa ali pelo menos nos últimos 50 anos. E, entre eles, há uma tela digital em TFT, onde aí sim você pode alternar as diferentes informações do computador de bordo. Há acendimento automático para os faróis, mas não dos limpadores em caso de chuva.
O som (JBL) é ótimo e você pode comandá-lo por botões no volante ou pela tela da multimídia que, com tela de 8 polegadas, fica parecendo um pouco pequena para o tamanho do tablier, mas dá conta do recado. Para abrir e fechar a pesadíssima tampa do porta-malas, bastam toques em um botão, mas, se você quiser ou precisar abrir o capô, à frente, espero que esteja com a musculação em dia, pois não há sequer molas ou amortecedores.
O ar condicionado tem controle digital e conta com saídas para as três fileiras de banco, que, atrás, são no teto, aproveitando espaço e, também as leis da física – o ar quente sobe e o frio desce, lembram das aulas no colégio?
Se na segunda fileira de bancos o espaço é generoso, na terceira – com dois assentos escamoteáveis presos nas laterais – a coisa fica um pouquinho mais justa. Com boa vontade, até dois adultos de estatura mediana podem viajar ali, mas o ideal é que sejam crianças comportadas. Sobre isso, aliás, vale mencionar a eficientíssima iluminação interna do carro, em LED, suficiente até para achar brinquedinhos perdidos e, eventualmente, acalmar alguma fera.
Saí do asfalto
O trecho final de nossa viagem de ida incluiu uns 10 km de terra, que só ficaram um pouquinho mais difíceis no quilômetro final, mais íngreme e com mais buracos. Até engrenei a tração integral nesse último trecho, embora não houvesse necessidade real. E, para gravar algumas cenas e fazer fotos, procurei um terreno um pouquinho mais acidentado, ainda assim, longe de ser algo complicado para um off-road.
Para essas situações mais complicadas, em pisos muito escorregadios, lama e desníveis maiores, por exemplo, daria para usar as marchas reduzidas e, em casos mais extremos ainda, o bloqueio de diferencial, que faz com que a força do motor chegue uniformemente a todas as rodas, de forma permanente.
O bacana é que tudo isso é bem fácil de usar, acionando botões que estão justamente onde se espera que estejam e que são identificados por desenhos/ícones bem fáceis de entender. E, claro, a tal facilidade de manobra, que faz com que não seja difícil estacionar o SW4 na vaga, também contribui para que ele não fique entalado pelo caminho.
No final das contas, rodando pouco mais de 400 km, a média de consumo foi de 11 km por litro de diesel, de acordo com o computador de bordo.
Consumo bom, mas que poderá ser proporcionalmente bem menor daqui a algum tempo. Isso porque a Toyota é das marcas que mais têm investido em eletrificação de seus modelos, especialmente com opções híbridas. Embora nada impeça que existam veículos a diesel desse tipo, essas combinações – propulsão a combustão + elétrica –, costumam usar motores a gasolina ou flex e, não faz muito tempo, a própria Toyota oferecia uma versão flex do SW4, com um motor 2.7 de quatro cilindros. Daí que carros como essa SRX aí fazem parte daquela que poderá ser a última geração de sua espécie. Aproveitemos enquanto existem – embora os preços, como você confere mais abaixo (depois da ficha técnica), não sejam lá muito estimulantes.
Ficha técnica:
Os preços:*
Versão - valor a partir de
SRX 5 lugares - R$ 378.190,00
SRX 7 lugares – R$ 384.690
Diamond 7 lugares – R$ 423.890
GR-Sport 7 lugares – R$ 433.190,00
(*) preços do site da Toyota em 9.9.2022, referência Brasília
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