Test-drive do Nissan Versa Advance, no império do custo-benefício
- Henrique Koifman
- 16 de mai.
- 4 min de leitura
Texto e fotos de Henrique Koifman

Passei uma semana com a versão de entrada do Nissan Versa 2025, a Sense, que custa cerca de R$ 115 mil. Além do uso urbano – que tem sido o principal atrativo para os sedãs compactos como este branquinho aí nas fotos –, pude experimentá-lo em uma viagem em família, ótima oportunidade para conferir suas, digamos, aptidões espaciais. Veja como foi a seguir.

Para começo de conversa (e com o perdão pelo semitrocadilho, não intencional), vale logo dizer que achei o versa um sedã compacto bem macio e confortável, mesmo sendo bem simples nessa versão mais barata da linha. Ele tem pouquinho menos de 4,5 metros de comprimento, com um entre-eixos de 2,62 metros. O resultado disso é que, mesmo com o banco do motorista regulado para este pernilongo aqui (1,87m), sobrava um bom espaço para as pernas de quem viajava atrás de mim.

Isso com quatro no carro, pois com 1,74m de largura, colocar um terceiro passageiro no banco de trás pode desanimar com a festa. Ainda assim, dá para entender facilmente porque o Versa faz sucesso entre motoristas de aplicativo e frotistas. Além do bom espaço interno, o acesso, pelas portas, é muito bom. E, se por um lado acabamentos em plástico duro, simples e abundantes, não passam lá muita sofisticação, por outro, parecem ser muito robustos e fáceis de se manter limpos.
As forrações dos bancos – que são, de um modo geral, confortáveis, mesmo depois de algumas horas seguidas de uso – são em tecido de toque agradável e que não esquentou o corpo de ninguém a bordo, não ao ponto de gerar reclamações. Mas aí o ponto vai também para o ar-condicionado, com comando analógico e, novamente, muito simples, que é muito eficiente. Mesmo com o carro cheio, nunca precisei colocar acima da terceira velocidade de ventilação – e olha que estávamos no final do verão no Rio de Janeiro.

E, como costuma ser nesses sedãzinhos, o porta-malas, com seus 466 litros (que podem aumentar, dobrando-se os encostos dos bancos traseiros) foi suficiente para as bagagens de quatro para quatro dias. Melhor ainda seria se não houvessem aquelas dobradiças em forma de braços, nas extremidades da tampa traseira, que restringem um pouco o uso naquele pedacinho do espaço.

Nissan Versa tem mesmo motor do Kicks Play
O Versa já foi produzido aqui no Brasil, em geração anterior, mas hoje, os que chegam aqui são fabricados no México e, em 2024, passaram por uma ligeira atualização estética – por fora, o carro ficou ainda mais parecido com seu irmão maior, o Sentra. E isso quer dizer que ele tem linhas bacanas, classudas e, ao mesmo tempo, muito equilibradas.

Além das óbvias diferenças de porte e desempenho, o irmãozinho, mesmo em suas versões mais caprichadas, contrasta com o luxo do maior, especialmente por dentro. Interior e exterior, aliás, parecem pertencer a carros de faixas (e épocas) diferentes.
Todas as três versões do Versa vêm com a mesma mecânica, que também é a usada pelo atual Nissan Kicks Play brasileiro: motor um 1.6 16v flex, de até 113 cv de potência e 15 kgfm de torque, com câmbio automático CVT – sem a possibilidade de trocas manuais para as marchas simuladas. E, com isso o carro anda…. direitinho, sem muita emoção ou esportividade.
As acelerações são rápidas o suficiente para que você não passe sufoco em ultrapassagens ou retomadas mais agudas – segundo a fábrica, vai de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, em parte a seus(apenas) 1.105 kg. Mas para que o carro desenvolva assim, de forma mais enérgica, é preciso pisar fundo, sem timidez, no acelerador e ouvir o motor gritar, sem muito charme. Sorte que o isolamento acústico é acima da média.

Em compensação, para um modelo com motor aspirado e 1.6, o Versa bebe pouco: faz até 15 km por litro na estrada com gasolina. E, segundo o comentário geral de seus proprietários, gasta ainda menos na oficina, seja em manutenção ou em (raros) reparos.
Não vou dizer que me diverti muito ao volante do Nissan Versa, mas ele está longe de ser um carro aborrecido. O desempenho comportado é compensado pela suavidade geral, a grande facilidade de manobra e – novamente – pelo conforto, embora a lista de acessórios de série seja mito enxuta..

Pouco luxo, mas bons itens de segurança
Para uma versão de entrada, esse Versa Sense traz um pacote de segurança caprichado. Tem alerta de colisão frontal e assistente inteligente de frenagem e alerta de ponto cego, mas não tem câmera de ré – que sai por pouco mais de R$ 600 como opcional (que pra mim é obrigatório) na concessionária. A central de multimídia é um pouco limitada, mas oferece conectividade para Android e Apple (apenas por cabo) e é rápida. O painel de instrumentos traz mostradores analógicos e uma telinha central com um computador de bordo que tem relativamente poucas funções, alternadas por um botãozinho no console lateral.
Os faróis são halógenos (depois de dirigir carros com iluminação em LED, a gente estranha), mas contam com acendimento automático. Os retrovisores externos não são pintados na cor da carroceria e não há praticamente nada acolchoado em seus painéis – o dianteiro tem uma seção em cor diferente, que visualmente até parece ser emborrachada, mas não é. Só plásticos rígidos, mas de aparência bem-feita. Os bancos, como comentei, são forrados em tecido, mas há volante multifuncional, piloto automático, multimídia bem simples.

Colocando tudo isso – o que Versa Sense oferece e o que ele não oferece – na ponta do lápis, inclusive o fato de eles ser um dos poucos modelos do segmento que não vem com motor 1.0 turbo de três cilindros, acho que ele se safa bem, especialmente no custo-benefício. Sem razões passionais, esse Sense é uma compra de bom senso (perdão, novamente…). Um sedã bem-apresentado (por fora), espaçoso, comparativamente barato e resistente.

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