Viva a concorrência: Renault Kwid E-Tech ganha plástica e tecnologia, sem subir de preço

Henrique Koifman
10 de out.
5 min de leitura

Por Henrique Koifman – fotos de divulgação

Lançado aqui no Brasil em 2022 por quase R$ 143 mil, o Renault Kwid E-Tech – versão elétrica do subcompacto da marca francesa – teve pouco tempo de tranquilidade (e solidão) no mercado. Foi virtualmente atropelado por concorrente(s) e, já no ano seguinte passou a ser oferecido um pouquinho menos de R$ 100 mil, se posicionando desde então como o carro elétrico mais barato do país. Ainda assim, de pretenso elétrico popular, chegou, se tanto, a personagem raro nas ruas. Agora, o carrinho chega a seu ano/modelo 2026 com um senhora plástica, por dentro e por fora, além de um pacotão de sistemas de assistência à condução, sem subir um centavo no preço em relação ao modelo 2025. Nada como a concorrência, não é mesmo?

Kwid foi Renovado por dentro e por fora

O Kwid E-Tech 2026 está disponível em uma única versão, a Techno. O carrinho continua chegando aqui importado da China. E, embora não tenha mudado propriamente de geração, recebeu uma quantidade generosa de retoques e modificações estéticas, suficiente para deixá-lo bem diferente e, sobretudo, com um ar mais contemporâneo e até sofisticado. Na frente, a grade diminui bastante de tamanho e, pintada em preto brilhante, interliga os faróis pequeninos e luzes diurnas igualmente redesenhadas e em LED. Na traseira, outra barra em preto brilhante faz a ponte entre as lanternas, também em LED. No teto, as barras do bagageiro sumiram. O carro está disponível nas cores branco Glacier, prata Étoile, verde Noronha e, agora, também nas novas Azul Slate e vermelho Terracota.

Por dentro, o banho de loja foi grande, também. A começar pelas telas digitais – de 7” no painel de instrumentos, que tem algumas diferentes possibilidades de configuração – e pela multimídia, de 10”, que agora fica mais alta e “solta” sobre o tablier. A conectividade, para Apple e Android, é sem fio. O volante evoluiu, ganhou mais comandos e agora pode ser regulado em altura. Além disso, segundo a Renault, a direção elétrica foi reconfigurada para proporcionar maior precisão e respostas.

Embora não conte ainda com muitas áreas emborrachadas ou de toque macio, o acabamento interno em plástico melhorou visivelmente. Os painéis foram redesenhados e ganharam partes destacadas em branco, em estilo mais moderno, e há seis air-bags na cabine. No porta-malas, um dos pontos altos do modelo, cabem 290 litros de bagagens – que podem chegar a impressionantes 991 litros com os bancos traseiros rebatidos, transformando o carro em um verdadeiro furgãozinho.

Assistência autônoma ao motorista ficou mais completa no Kwid E-Tech

Mas o “upgrade de modernidade” mais perceptível, mesmo, está no pacote de assistência autônoma ao motorista (ADAS), composto de 11 itens, alguns deles já comuns em muitos modelos, outros nem tanto. Vamos à lista, que reproduzo em parte aqui diretamente do material recebido do fabricante:

Alerta e assistente de permanência em faixa (LDW e LKA): atua sobre a direção para manter o veículo centralizado na faixa, quando detecta risco de saída involuntária;

Frenagem automática de emergência (AEB): detecta veículos à frente e, em caso de risco iminente de colisão, emite alertas visuais e sonoros. Se o condutor não reagir, o sistema aplica automaticamente os freios para evitar ou mitigar o impacto;

Reconhecimento de placas de velocidade (TSR): identifica placas de limite de velocidade e exibe alertas no painel, ajudando o condutor a respeitar as regras de trânsito;

Sensor de fadiga (DDAW): monitora o comportamento do condutor e sugere uma pausa quando identifica sinais de fadiga ou perda de atenção;

Assistente de partida em rampa (HSA): mantém, com o uso automático dos freios, o veículo na mesma posição durante dois segundos impedindo que ele retroceda quando o condutor tirar o pé do pedal do freio para acionar o acelerador em uma pista com desnível superior a 3%;

Limitador de velocidade (SL): limita a velocidade escolhida pelo condutor impedindo que se acelere acima do limite programado;

Piloto automático (CC): mantém o carro na velocidade programada pelo motorista sem necessidade de pisar no acelerador. Também contribui para reduzir o consumo de combustível;

Câmera de ré (RVC): visualização do ambiente na parte traseira do carro, facilitando a manobra de estacionamento, ajudando a evitar colisões;

Sensores de estacionamento dianteiro (UPAF) e traseiro (UPAR): alerta sonoro emitido a partir da proximidade de veículos e objetos na traseira do veículo evitando batidas e auxiliando o motorista nas manobras de estacionamento.

Mecânica e elétrica do Kwid E-Tech 2026 não mudaram

Vale informar que, embora esteja bem diferente, o Renault Kwid E-Tech não mudou nadinha em sua base mecânica. Ele segue contando com um motor de 65 cv (ou 48 kW) de potência e 11,5 kgfm de torque, que segundo a Renault, são suficientes para que acelere de 0 a 50 km/h em 4,1 segundos – ponto para os elétricos, com sua disposição instantânea, que os torna espertinhos no trânsito urbano. Ele vem com uma bateria de 26,8 kWh, o que permite que rode pelo menos 180 km por carga, segundo o critério do PBEV/INMETRO. Suficientes para uma rotina diária, mas, como ganhou um novo “modo B de condução ativa”, com a frenagem regenerativa, e perdeu 12 kg de peso, é bem provável que, na cidade (e sem muita ladeira), ele ainda consiga rodar um tanto mais que isso.

Será que, agora, ele vai voltar a fazer sucesso no mercado?

Esta é uma pergunta que só o tempo, medido em pelo menos alguns meses, vai poder responder. Dando nomes aos bois, o maior rival – não só do Kwid E-Tech, como de todos os modelos elétricos compactos vendidos hoje no Brasil – se chama BYD Dolphin Mini. Ele sai atualmente por a partir de cerca de R$ 120 mil, já está sendo montado na fábrica da marca chinesa, na Bahia, e já vendeu quase 23 mil unidades no país, somente este ano.

*O grande ( e poderoso) rival: BYD Dolphin Mini, antes importado, já montado no Brasil*

Em comparação com este Kwid E-Tech, o Dolphin Mini é mais potente (95 cv), maior por dentro, conta com um acabamento interno, digamos, mais macio (com painéis emborrachados) e tem mais autonomia – até 291 km. E, até agora, ainda parecia mair moderno e arrojado que o pequeno Renault.

Com esse conjunto de modificações e melhorias e a diferença de quase exatos 20% a menos no preço, o Kwid elétrico passa a ter, no mínimo, condições bem melhores para tentar abocanhar uma parte maior do mercado. Algo que, vale dizer, para representar algo realmente significativo, vai precisar representar um aumento exponencial. Só para se ter uma ideia do panorama até aqui, em agosto passado, foram vendidos 162 Kwid E-Tech contra 3.300 (!) Dolphin Mini…

Além desses dois, o segmento dos subcompactos elétricos ainda conta – em tese – com duas outras opções, pelos mesmos R$ 120 mil do Dolphin: o JAC e-JS1 e o Chery iCar. Digo em tese porque seus números de vendas são quase residuais.