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Salões do Automóvel ainda são atrativos?

Cancelado em Genebra, prestigiado na China, Japão e Catar, modelo tradicional para mostrar novos automóveis deixa de ser padrão para a indústria


Por Henrique Koifman

BMW Vision Neue Klasse, um dos destaques da marca para o Japan Mobility Show 2023 - divulgação

De uns 10 anos pra cá, os grandes salões do automóvel, antes aguardadíssimos e sempre apinhados de gente, vêm perdendo a força em quase todas as partes do mundo. Se já andavam sem tanto prestígio junto as montadoras, com a pandemia de Covid 19, simplesmente deixaram de acontecer por quase dois anos – como, aliás, a grande maioria de eventos comerciais. Um dos salões automotivos mais famosos desse tipo, o de Genebra, por exemplo, teve sua última edição “presencial” em 2019, na cidade de mesmo nome. Em, sem sua volta ao mundo real, quem diria, foi parar na Península Arábica, mais precisamente em Doha, capital do Catar, onde acontece por estes dias – entre 5 e 14 de outubro.



Inicialmente, a ideia era que o evento acontecesse na Suíça, voltasse em fevereiro deste ano, tendo uma espécie de continuação menorzinha no país árabe, neste segundo semestre. Só que, pelo visto, aquele país célebre por seus queijos furadinhos, bancos discretos e abertos a depósitos sem comprovação de origem, relógios infalíveis e canivetes de mil e uma utilidades não vai ser mais, também o país dos lançamentos de novos modelos de carros – com destaque para o segmento de luxo, que sempre marcou essas exibições em Genebra. O salão suíço acabou cancelado cerca de dois meses antes de seu início previsto.


Agora, mais de 30 montadoras e marcas, como Toyota, Lexus, Porsche, Volkswagen, Lamborghini (acima, os modelos Revuelto e Lanzador, no salão do Catar) , KIA, Audi, McLaren, Mercedes-Benz e outras tantas estão desfilando seus futuros modelos lá nas Arábias. Ironicamente, pertinho dos poços de petróleo, que – por motivos justíssimos – está saindo de moda na indústria e dando lugar à eletricidade como fonte de energia para mover os automóveis.



Assim como o de Genebra, outros tantos salões europeus e norte-americanos encolheram ou deixaram de – ou não voltaram a – ser promovidos. Aqui no Brasil, mesmo, o mais tradicional deles, de São Paulo, não tem acontecido. Menos por falta de público, mais por pouco interesse das montadoras em empatar um dinheirão na construção de stands, apresentações, eventos especiais para jornalistas e revendedores (trazidos de outras cidades e até países). Nos últimos tempos, as marcas parecem preferir utilizar essa verba em outro tipo de marketing – como o patrocínio de campeonatos esportivos, ações especiais (hoje chamadas de “ativações”) e coisas do gênero.


Mas isso não é regra. Na China, por exemplo, a edição deste ano do Salão de Xangai foi uma das maiores de todos os tempos, com mais de 320 mil metros quadrados de estandes e apresentação de mais de 100 modelos inéditos.


Um novo nome para apresentar os carros do futuro


Por outro lado, a quantidade de eventos – presenciais e virtuais – dedicados à “mobilidade” vem aumentando bastante. É claro que esse termo não abarca somente os veículos de passeio e, ao menos em princípio, nomeia mostras em que o transporte e o deslocamento, de pessoas e de cargas, é o tema e a sustentabilidade costuma dar o tom. Na prática, porém, muitas montadoras têm aproveitado essas ocasiões para revelar suas novidades e apostas para o ramo específico dos automóveis, que aí são quase sempre elétricos e, por vezes, autônomos.


O Japan Mobility Show 2023, que acontece em Tóquio de 26/10 a 5/11 próximos, por exemplo, trará novidades de montadoras como a local Nissan e, também, de estrangeiras, como a BMW. E, sim, o evento será presencial.


A Nissan promete exibir uma grande coleção de conceitos elétricos, que apontam como serão seus modelos no futuro próximo, com destaque para o Hyper Urban, que você conhece neste vídeo acima e em outras fotos no post. O estande da marca também dará destaque às edições especiais comemorativas dos 90 anos da empresa, criadas para vários de seus atuais modelos de produção. Eles ganham grades dianteiras e espelhos retrovisores em cor cobre, rodas de alumínio especiais e materiais de forração interna diferenciados.


Já a BMW mostrará em Tóquio lançamentos – como a nova geração do X2 e sua versão 100% elétrica, que estrearão na mostra, o iX5 a hidrogênio e o belo conceito Vision Neue Klasse, pela primeira vez exibido na Ásia (na foto que abre este post).


Embora ache improvável que megassalões tradicionais do automóvel voltem a ser o padrão para a indústria automobilística, fora dos nichos oriental e árabe, tenho a impressão de que mostrar os futuros carros (ou conceitos experimentais) de perto em eventos específicos vai continuar a ser comum para a indústria – e, felizmente, para o público. Ainda que minha bola de cristal não seja lá das mais eficiente, estou torcendo para isso.



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