Modo manual: uma semana com a Chevrolet Montana LT
Segunda opção mais barata da picape compacta, versão tem câmbio manual de seis marchas e custa a partir de R$ 135.450
Texto e fotos de Henrique Koifman
Passei uma semana com a Chevrolet Montana… É, você já leu esta frase aqui na Rebimboca, pelo menos umas duas vezes antes, quando postamos as avaliações dessa mesma picape, em suas versões mais sofisticadas – a Premier e, depois, a RS. Com a primeira, produzi até um vídeo para a TV Rebimboca (abaixo ou no link https://youtu.be/5YjewTdcLSk?si=KY3c0iRfrf4g474j) que, se ainda não assistiu, recomendo que o faça. Desta vez, porém, a Montana em questão é a LT, de baixo para cima da tabela, a segunda versão mais barata da linha e que tem como principal diferença em relação a essas duas outras, o câmbio – nelas, automático, nesta, manual. Isso e, como é de se esperar, mais simplicidade no acabamento e uma lista menor de itens de conforto e de recursos – embora nem tão menor assim. Falo sobre isso neste post.
Antes de ir adiante, vale comentar que não é sempre que nós, jornalistas, temos a oportunidade de fazer um test-drive com uma das versões mais simples dos carros. Geralmente, as montadoras nos reservam seus produtos mais completos e caprichados, o que até faz sentido, pois permitem que conheçamos tudo o que eles podem oferecer de recursos e acabamentos para um determinado modelo. Por outro lado, muitas vezes isso nos afasta do que, efetivamente, mais compradores vão levar para suas garagens.
Não sei dizer se este é bem o caso da Montana. Afinal, para os frotistas – que geralmente representam uma grande fatia das vendas desse tipo de veículo –, há a versão de entrada “MT” (de câmbio manual), ainda mais simples e um pouco mais barata (R$ 129 mil). E, com a preferência pelo câmbio automático, que já é significativa entre os brasileiros que compram modelos acima dos R$ 120 mil levada em conta, não duvido que, mesmo custando mais salgados R$ 149 mil, a Montana LTZ venda tanto quanto essa LT (que custa R$ 135.450, sem pintura especial). Afinal, além de dispensar a embreagem, essa irmã um degrau acima traz alguns itens de conforto e, sobretudo de acabamento, mais caprichados e vistosos que ela.
Chevrolet Montana LT é mais simples, mas não é “pelada”
De um modo geral, no entanto, confesso que não senti muita falta do que tem função mais estética que prática nessa Montana LT. Vá lá que as rodas são de aço, embora tragam supercalotas capazes de enganar a maioria (mimetizam a liga leve tão bem quanto um camaleão), não há cromados ou apliques estilosos e os painéis internos não têm lá muitas nuances para disfarçar sua simplicidade. E que o volante não tenha regulagem sequer de altura. Mas, fora isso, o básico está lá. Ar-condicionado, multimídia, comandos no volante, caçamba com proteção, ganchos e (boa) capota marítima, tampa com abertura amortecida…
A forração dos bancos, em tecido, tem ótima aparência e o painel de instrumentos pode ser simples, com mostradores analógicos e uma pequena tela monocromática, mas é exatamente igual ao das manas mais caras. Não há sensores de estacionamento (nada de pi-pi-pi ajudando na baliza), mas tem boa câmera de ré, integrada à multimídia, também de série. Piloto automático? Chave presencial e partida por botão? Levaram falta na chamada, mas o alerta de frenagem de emergência compareceu, assim como o acendimento automático dos faróis e os vidros elétricos em todas as portas.
Não vou me estender aqui sobre coisas como espaço interno, de que já tratei nas mencionadas matérias e vídeo anteriores (abaixo os links). Resumo apenas o que se refere ao diferencial desta LT, o também já mencionado câmbio manual – seu “relacionamento” com o motor e no que ele influencia a condução da picape, ok?
Como é dirigir essa Chevrolet Montana LT Manual?
Sob o capô desta e de todas as versões atuais da Chevrolet Montana, há um motor 1.2 turbo, flex, de três cilindros, capaz de gerar até 133 cv de potência e pouco mais de 21 kgfm de torque, também usado nas opções mais caras do SUV Tracker. Nada que transforme o utilitário, mesmo quando vazio, em um carro com pendores esportivos. Mas, se compararmos esta com as versões equipadas com o câmbio automático, ela é até um pouquinho mais esperta.
Justinho, com relações curtas, o câmbio manual de seis marchas é bom de usar. A embreagem é bem leve e os engates precisos. Trabalhando junto com o motor turbinado – que oferece bastante torque já em baixas rotações, sem que seja preciso pisar muito no acelerador –, ele dá uma boa agilidade à picape no trânsito. E resolve bem, também, a movimentação do carro com mais gente a bordo e alguma carga na caçamba. No meu teste, chegamos a rodar em cinco pessoas, levando tralhas de peso mediano, e mesmo com uma ladeira bem íngreme no trajeto, não houve maiores problemas – ou necessidade de gritarias por parte do motor.
E olhe que esse motor de três cilindros – como é comum com esse tipo, digamos, mais vibrante de configuração – é chegado a rugidos estridentes, sempre que passa dos três mil giros, por aí. O nível de ruído, aliás, me pareceu um pouquinho mais alto que nas versões mais caras, provavelmente mais bem forradas e isoladas. Por outro lado, esta LT manual, segundo sua ficha técnica, é capaz de levar um pouquinho mais de peso na caçamba: 637 kg, contra os 600 kg das irmãs automáticas.
Ao todo, rodei uns 400 km com a Montana LT, no trânsito pesado e em vias expressas, sempre na cidade. Usando sempre gasolina, o computador de bordo registrou um consumo entre 10 e 11 km/litro, o que achei ok para um utilitário desse tipo.
É claro que, para fazer com que qualquer carro manual tenha um consumo eficiente, não dá para ter preguiça de trocar marcha, sem esticar demais nem forçar marcha alta em velocidade baixa. Mas é bem fácil se acostumar com os tempos e necessidades dessa picape – e nisso o ruído do motor é um aliado. No final das contas, fazer essas trocas com um bom câmbio manual foi até divertido, pelo menos em parte do tempo – pois, no para e anda do trânsito pesado, deu saudade de um câmbio automático, tenho de confessar.
Conclusão:
Essa Montana LT manual custa R$ 135.450 (por uma igual à das fotos, some mais R$ 2 mil pela pintura especial) e, para mim, concorre mesmo é com versões intermediárias da Fiat Strada – que é menor e menos confortável – e da Renault Oroch, que é do mesmo tamanho, mas, neste caso, menos potente e que ela.
Alguém aí falou na Fiat Toro? Bom, esta é realmente maior e mais potente, mas custa mais caro e só está disponível com câmbio automático. É, a esta altura, escolher um carro com câmbio manual por outro motivo que não o preço, dever ser coisa de um público mais restrito, sem dúvida.
Como já comentei nos outros test-drives que fiz com a Chevrolet Montana, acho que entre as concorrentes de seu segmento – e aí incluo até a Fiat Toro, que para mim está em um patamar um pouquinho mais acima – essa picape é a mais macia, a que mais se aproxima da tão repetida frase “anda feito um carro”, na verdade, andando feito um (bom) SUV, com a vantagem de ter uma boa caçamba atrás. Para quem quer, portanto, a praticidade de um utilitário desse tipo, sem abrir mão de uma dose um pouco maior de conforto, é uma boa opção. E, para quem não fizer questão de um carro automático – ou ainda preferir passar as marchas com seus próprios critérios –, essa LT oferece um bom custo-benefício.
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