Revolution BEV 1500: a picape Ram elétrica
A Ram revelou neste dia 5 de janeiro sua proposta de picape grande eletrificado. Apresentada na badaladíssima feira tecnológica Consumer Electronics Show – CES 2023, a 1500 Revolution BEV concept deve ser lançada em 2024 e será a arma da marca para picapes do conglomerado Stellantis para combater modelos rivais a baterias, como a Silverado EV, da General Motors, e a F-150 Lightnings, da Ford. Mais do que a simples propulsão com zero emissões, o protótipo traz uma série de “futurices” interessantes. Confira algumas dessas novidades neste post e, também, no vídeo a seguir.
O segmento de picapes “full-size”- em bom português, grandalhonas – é o que lidera numericamente a venda de veículos nos EUA há um tempão. E, embora seja liderado há 46 anos pela Ford, com sua Série F, oferece espaço suficiente para que as grandes marcas mantenham ali linhas bem rentáveis. Além das três grandes nacionais – GM, Ford e Dodge (hoje, Ram) –, em um segundo plano, Toyota e Nissan também circulam com desenvoltura entre as grandes “caçambudas”.
Carros que, tradicionalmente, estão entre os que melhor encarnam o ecologicamente incorreto da indústria automobilística, combinando porte avantajado, formas algo conservadoras e consumo elevado de combustível (geralmente, têm motores enormes a gasolina ou diesel). Isso, no entanto, começa a mudar com a transição para os veículos a baterias. E, na prática, usar motores elétricos pode fazer muito bem para esse tipo de modelo.
Isso porque a abundância de torque – leia-se capacidade para deslocar peso – é uma das principais características desse tipo de propulsão, muito mais eficiente em termos de aproveitamento da energia para o movimento. Em outras palavras, com um bom pacote de motores e baterias, um utilitário desses terá uma série de vantagens em relação a suas versões atuais, tanto em termos de economia, quanto de performance – além, claro, de ser mais camarada com o meio ambiente.
Daí que muita gente considera as picapes full-size um segmento-chave para que os predominantemente conservadores EUA se rendam à eletrificação de seus automóveis. E, por sua importância, não somente as grandes montadoras tradicionais estão colocando grandes montes de fichas no desenvolvimento de veículos nessa faixa, como também marcas mais novas, como a já consolidada Tesla e a novata Rivian.
E, entre todas essas, a Ram foi a que mais tempo levou para apresentar uma opção elétrica e que, mesmo com toda a pompa dessa apresentação, sequer revelou detalhes básicos sobre o futuro modelo – como potência e autonomia, por exemplo. O máximo que menciona é que o carro é construído sobre uma nova arquitetura do grupo para veículos elétricos grandes, chamada STLA Frame, que mantém o tradicional esquema de carroceria montada sobre chassi, e contará com tração 4x4. Essa plataforma prevê baterias que ocupam comparativamente menos espaço. Foi dito também que o carro poderá recarregar o equivalente a 160 km (100 milhas) em apenas 10 minutos, usando um sistema de carregamento rápido de corrente contínua (DC) de 800 V a até 350 kW.
Por outro lado, o visual é interessante e a lista de recursos e detalhes funcionais, de acabamento e de conforto divulgada é bem extensa e bacana. Lá estão, por exemplo, a direção que inclui o esterçamento do eixo traseiro (as rodas de trás também viram em manobras), carroceria sem colunas entre as portas, que se abrem em sentidos opostos (como aquelas de saloon) e e um sistema autônomo que, literalmente, transforma a picapona em um cachorro, capaz de seguir o dono, poucos passos atrás.
Reproduzo a seguir a descrição de algumas dessas características e inovações:
Assentos rebatíveis na terceira fileira – com uma divisória central elétrica com assentos rebatíveis e uma seção inferior removível, que permite várias configurações flexíveis desses assentos, proporcionando um vão para acomodar objetos de até 5,49 m de comprimento.
Porta-malas dianteiro, que adiciona capacidade e armazenamento, com abertura elétrica – assim como são comandados remotamente a tampa do bocal de carregamento das baterias (no para-lama dianteiro esquerdo), a tampa traseira, maçanetas de porta embutidas, estribos laterais e um estribo traseiro com difusor ativo.
A tampa traseira elétrica, a propósito, é multifuncional e pode ser usada para ampliar o espaço para carga. O modelo comporta pneus de 35 polegadas, montados em rodas de aro 24 que vêm com iluminação em sua parte central e que não giram (ficam parados, mesmo com a picape em marcha).
Os espelhos retrovisores laterais são menores e mais leves que os atuais e que usam materiais impressos em 3D para uma aerodinâmica ideal e redução do arrasto, utilizando uma câmera digital para capturar os arredores da picape. Em comparação com a Ram 1500 vendida hoje, o protótipo oferece 10 cm a mais de espaço na cabine, mantendo o mesmo tamanho na caçamba.
Tanto a cabine, quanto o porta-malas dianteiro e a caçamba contam com um sistema de fixação por trilhos, chamado “Ram Track”, que dá grande flexibilidade para a disposição dos assentos e até do console, e permite a fixação de bagagens dos mais variados tipos e formatos. E, além das duas fileiras regulamentares, há ainda uma terceira, rebatível, como nos SUVs maiores. A cabine e a caçamba são separados por uma divisória retrátil, elétrica, que, aberta, libera espaço para objetos de até 5,49 m de comprimento com a tampa traseira fechada.
O painel da picape segue o padrão de desenho "diapasão" adotado na carroceria, e tem display sensível ao toque, formado por dois monitores que somam 28” de tela. A tela de baixo pode ser colocada em três posições diferentes, dependendo do uso e pode ser removida e utilizada em diferentes áreas do veículo. O volante é retrátil e multifuncional e o teto solar integral é do tipo eletrocromático (fotocrômico), se ajustando à intensidade da luz externa.
A lista de itens é enorme e não vou copiá-la inteira aqui, mas, para terminar, destaco algo realmente inusitado: por meio de Inteligência Artificial e acionamento por voz, o motorista pode comandar o carro mesmo de fora, ativando coisas como o Modo Sombra – que literalmente transforma o carro em uma espécie de cachorro de três toneladas, que segue seu dono alguns passos atrás.
Tudo a ver com quem trata seu carro como “o melhor amigo”, não é mesmo?
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