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Peugeot 2008 Style: um test-drive em clima de despedida

SUV compacto deixou de ser produzido há poucos meses, mas ainda pode ser encontrado em alguns concessionários. Será que vale a pena?


Texto e fotos de Henrique Koifman





A situação foi, no mínimo, diferente. Quando o pessoal da Peugeot me ofereceu esse simpático 2008 Style 2023 para testar, no final de janeiro passado, ele já não era mais produzido. Na fábrica da antiga PSA – Peugeot-Citroën – e atual Stellantis, em Porto Real (RJ), seu lugar na linha de montagem já estava sendo ocupado pelo “primo” mais jovem, o novo Citroën C3 Aircross. Mas, como eu ainda não havia guiado essa versão do 2008, ela seguia disponível no configurador do site da marca e eu supunha que ainda houvesse um certo número de unidades dele, 0 km, à venda nas concessionárias, decidi aceitar, por que não?





O adjetivo lá na segunda frase do texto já entrega um pouco da minha percepção sobre o visual dessa versão SUV da geração anterior do compacto 208. Seu desenho, estilo e proporções me agradam e seu porte faz com que seja um carro bem prático no uso urbano. E, ainda que seu modelo global 2024, bem renovado já tenha até sido lançado – inclusive aqui no Brasil, em versão elétrica, a e-2008 –, não acho que ele tenha ficado com traços defasados. E o último “tapa” de atualização, estética, feito justamente para a linha 2023, contribuiu para isso.





Ele trouxe para o carrinho iluminação em LED para as lanternas traseiras e uma grande peça em plástico escuro, que liga essas duas lanternas, cobrindo a traseira. LED esse que, aliás, está também nas luzes diurnas (DLR) da dianteira, mas faz falta nos faróis desse Style, vale dizer. Complementam o tratamento estético detalhes em preto, como a pintura do teto, das rodas de aro 16”, espelhos retrovisores, grade dianteira e máscaras em certas partes da lente dos faróis.





Interior e recursos do Peugeot 2008


Se mantém o ar jovial por fora, por dentro, o Peugeot 2008 2023/24 já dá mais sinais de sua idade, especialmente se comparado à nova geração do compacto 208. Como praticamente todos os modelos dessa faixa de preço (e até de superiores), o plástico rígido impera, com pouquíssimas exceções com forração de tecido, como nas alças das portas. Há uma combinação interessante de cores e texturas, mas seu desenho é algo dejavú (ou “acho que já vi isso antes”, em bom português). Painel de instrumentos e multimídia têm boa visibilidade e ergonomia, ou seja, é fácil de ver e e achar as informações, incluindo as (poucas) do computador de bordo, e acessar as funcionalidades.


Há conectividade para Android e Apple, mas somente por cabo. O ar condicionado, por outro lado, é digital automático e se divide em duas zonas, algo não muito comum em carros desse tamanho e preço. Os bancos são forrados com couro e tecido também combinados em tons e texturas diferentes, e o resultado é simpático.

A qualidade geral da montagem dos painéis e o acabamento são bons e, no asfalto liso, mal se ouve ruídos externos e mesmo o motor. Mas quando rodei em um trecho sobre paralelepípedos, os mesmos painéis passaram a vibrar e a emitir ruído um pouco além da conta.




O espaço interno desse 2008 me lembrou aqueles navios de passageiros clássicos. Isso porque, na frente, o conforto é de primeira classe, até acima da média, com bancos fáceis de se acertar e volante (com um ótimo tamanho, menor que a média) com ajustes de altura e profundidade, e o cuidado geral é visível até dentro do bom porta-luvas, que é refrigerado. Já no banco de trás, os passageiros viajam de segunda classe, com pouco lugar para as pernas, e sem direito a mais mimos – nem saídas de ar-condicionado, nem luz de leitura no teto e nem mesmo uma portinha USB para recarregar o celular.


O aperto no banco de trás é, de certa forma, compensado pelos bons 355 litros de espaço para bagagem no porta-malas, que tem bom acesso e é suficiente para se fazer as compras do mês sem maiores preocupações, ou levar uma razoável quantidade de bagagens em viagens em família.



Peugeot 2008 Style tem desempenho comportado e mostra a idade


E, já que falamos em viagem, esta versão Style 1.6 do 2008 vem com o já veterano motor flex 1.6 de 16 válvulas aspirado da ex-PSA – que equipa, também, versões dos atuais Citroën C3 e Cactus. Ele rende até 120 cv de potência e 15,7 kgfm de torque, funcionando em parceria com um suave – e clássico – câmbio automático de seis marchas. É o suficiente para levar seus 1.222 kg (fora passageiros e bagagens) com eficiência, mas sem grandes arroubos.




E isso quer dizer que faz ultrapassagens direitinho, enfrenta serras sem estressar o motorista e, como conta com um ótimo acerto de suspensão, que absorve direitinho as imperfeições do caminho sem deixar o carro se inclinar mais do que deve, combina conforto com estabilidade na dose certa. E o carro passa confiança, também, nas frenagens – e seus freios a disco nas quatro rodas certamente contribuem para isso.


Por outro lado – e isso é um dos sinais da idade –, esse Peugeot 2008 não conta com alguns itens valiosos, como os controles de tração e de estabilidade, sensores de estacionamento (há apenas a providencial câmera de ré) e avisos de tráfego no ponto cego ou de colisão. E conta com quatro air-bags – contra os seis que vem se tornando o padrão entre seus concorrentes.





Voltando ao câmbio automático, ele até conta com uma teclinha “S” (de sport), meio escondida junto ao console, que estica um pouquinho os giros e o torna ligeiramente mais arisco, mas nada que se compare aos 173 cv do motor 1.6 THP, turbo, que equipa as versões mais cara do mesmo 2008. Ah, além da “S”, há também no console uma tecla “Eco”, que produz o efeito inverso, jogando as marchas mais cedo para economizar combustível, mas que torna a condução do carro quase irritante – até mesmo no trânsito pesado.

Ainda assim, mesmo tendo desistido do modo “Eco”, o consumo médio do Peugeot 2008 durante meus 270 km de uso, sempre com gasolina, ficou em cerca de 11 km/litro, segundo medições do computador de bordo e rodando boa parte do tempo em vias expressas e sem grandes engarrafamentos.


E então, ainda vale a pena comprar um Peugeot 2008 2023/24?


Como comentei lá no começo, o Peugeot 2008 dessa geração deixou de ser produzido aqui no Brasil no final do ano passado. A previsão é de que sua nova geração, que passa a ser fabricada somente na Argentina, chegue por aqui nos próximos meses. Mas, nas concessionárias, hoje, você ainda pode encontrar unidades do modelo 2023/24 à venda.


Nessa versão Style 1.6, segundo apurei, o preço de tabela de cerca de R$ 103 mil, que para um carro com motor 1.6 e câmbio automático e bom pacote de acessórios como ele é um valor competitivo. E que pode ficar ainda mais interessante com um desconto dado pelo revendedor – afinal, trata-se de um modelo que saiu de linha. Se eu estivesse procurando um carro novo por cerca de R$ 100 mil, no mínimo levaria isso em conta.




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